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A doenca como linguagem da alma.pdf

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A problemática especial <strong>da</strong>s moléstias resulta de seu respectivo padrão<br />

de sintomas. Para muitos pacientes de hérnia discal, por exemplo, não é<br />

mais possível erguer-se retos. Curvados para a frente na articulação dos<br />

quadris, eles somente podem atravessar o dia curvados e com as costas<br />

extremamente rígi<strong>da</strong>s. Aqui, evidentemente, encarna-se a problemática <strong>da</strong><br />

falta de retidão. Representa-se de forma muito concreta <strong>como</strong> é doloroso<br />

para os afetados serem direitos, ou seja, an<strong>da</strong>r eretos. Não lhes é possível<br />

endireitar-se, isso para não falar de mostrar a espinha dorsal, ou seja,<br />

aprumar-se. A solução está expressa na postura curva<strong>da</strong>/humilha<strong>da</strong>. Tratase<br />

evidentemente de assumir essa posição, o que quer dizer curvar-se<br />

realmente, ou seja, transformar a humilhação em humil<strong>da</strong>de autêntica.<br />

Certamente, no entanto, sob o mesmo diagnóstico “correm” também as<br />

formas opostas. Aqueles pacientes rígidos, desmesura<strong>da</strong>mente eretos, que<br />

caminham e se movimentam em ângulos retos <strong>como</strong> robôs porque a menor<br />

curvatura ou desvio <strong>da</strong> vertical lhes ocasiona moléstias insuportáveis. Esse<br />

sintoma mostra enfaticamente <strong>como</strong> eles são inflexíveis, rígidos e pouco<br />

vivos. Eles se pavoneiam por uma vi<strong>da</strong> impregna<strong>da</strong> de movimentos suaves e<br />

passagens flui<strong>da</strong>s que necessariamente permanece desconheci<strong>da</strong> para eles.<br />

Em seu an<strong>da</strong>r expressa-se niti<strong>da</strong>mente que eles não admitem nenhum meiotom,<br />

nenhuma nuança e na<strong>da</strong> fluido em seu íntimo. Estruturas duras e<br />

retidão exagera<strong>da</strong> determinam suas vi<strong>da</strong>s até chegar à mania de ter sempre<br />

razão. Eles desconhecem os meios-tons e a ver<strong>da</strong>deira humil<strong>da</strong>de. A retidão<br />

é força<strong>da</strong> e dá a impressão de não ser autêntica, ela é a muleta que lhes<br />

permite pavonear-se eretos e certos <strong>da</strong> vitória pela vi<strong>da</strong> real. A imagem do<br />

solteirão ou do oficial prussiano é condizente com uma tal paisagem anímica.<br />

A tarefa a ser libera<strong>da</strong> no sintoma dá a entender que aquela retidão que se<br />

demonstra constantemente porque não se consegue sair de seu estreito<br />

corpete deve ser transforma<strong>da</strong> em retidão e sinceri<strong>da</strong>de genuínas para<br />

consigo mesmo.<br />

Os dois tipos, de pólos opostos, compartilham um problema comum:<br />

retidão. O “torto” precisa redimir seu ser curvado e liberar a humil<strong>da</strong>de que ali<br />

está oculta. Tendo conseguido isso, lhe corresponderá também a sinceri<strong>da</strong>de<br />

e a retidão do pólo oposto. O “solteirão” teso precisa assumir sua rigidez e<br />

aprender que sua liberação está à espera em sua retidão e sua lineari<strong>da</strong>de<br />

anímico-espiritual. A partir do momento em que encontra essa profun<strong>da</strong><br />

sinceri<strong>da</strong>de em si mesmo, torna-se-lhe também facilmente possível descer às<br />

profundezas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, curvar as próprias costas e humildemente posicionar-se<br />

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