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A doenca como linguagem da alma.pdf

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se afasta ain<strong>da</strong> mais do centro e se esforça por prosseguir em direção à<br />

periferia <strong>da</strong> man<strong>da</strong>la.<br />

Na puber<strong>da</strong>de termina então a criança, que deixa de ser neutra e passa a<br />

ser "a mulher" ou "o homem". Nas culturas arcaicas, a criança precisava<br />

morrer ritualmente para que o adulto pudesse nascer. Ela "morria" com medo<br />

e sob torturas em um ritual de puber<strong>da</strong>de muitas vezes sangrento e seus<br />

pais, <strong>como</strong> correspondia, ficavam de luto. O adulto somente podia nascer a<br />

partir <strong>da</strong> morte definitiva <strong>da</strong> criança. A partir <strong>da</strong>í havia mais um adulto no clã,<br />

que tinha deixado tudo o que era infantil para trás, em um outro mundo.<br />

Após a puber<strong>da</strong>de, a consciência do fato de que se está dividido ao meio,<br />

ou seja, <strong>da</strong> própria imperfeição, é tão grande que os jovens se põem a<br />

buscar sua outra metade, a que lhes falta. A voz popular sabe que se trata <strong>da</strong><br />

metade melhor, <strong>da</strong> cara-metade. quando ela é encontra<strong>da</strong>, a principio dá de<br />

fato essa impressão. Com o tempo, entretanto, percebe-se que o que se<br />

escolheu foi o próprio lado de sombra. Agora já não são muitos os que têm a<br />

coragem de reconhecer que continua se tratando, agora mais do que nunca,<br />

<strong>da</strong> metade melhor, aquela que falta para a perfeição.<br />

Seguindo o man<strong>da</strong>mento bíblico "Conquistai a terra!", o caminho continua<br />

afastando-se do meio e em algum momento, após se ter logrado mais ou<br />

menos no mundo dos contrários, todos chegam à bor<strong>da</strong> <strong>da</strong> man<strong>da</strong>la. Tudo<br />

agora gira, o caminho não prossegue na direção costumeira e to<strong>da</strong>s as<br />

tentativas de prosseguir nele apesar disso fracassam e devem fracassar. O<br />

quanto esse ponto de transição na vi<strong>da</strong> é importante pode ficar claro pelo fato<br />

de que a medicina acadêmica, que absolutamente não tem consciência do<br />

padrão de fundo, também o descobriu. Na mulher, não era difícil perceber a<br />

menopausa através do marcante fim <strong>da</strong> menstruação e a níti<strong>da</strong><br />

transformação hormonal, mas com o tempo não se pode deixar de perceber<br />

a crise <strong>da</strong> meia-i<strong>da</strong>de no homem também, sobretudo não na medi<strong>da</strong> em que<br />

ela sempre resvalou para âmbitos não liberados. Os problemas típicos <strong>da</strong><br />

mu<strong>da</strong>nça, de on<strong>da</strong>s de calor a depressões, que só recentemente colocaram<br />

nossa medicina em seu rastro, são desconhecidos por parte dos povos que<br />

vivem conscientemente no padrão <strong>da</strong> man<strong>da</strong>la. A razão poderia estar em<br />

uma outra escala de valores e em uma aceitação sem reservas <strong>da</strong>s<br />

diferentes fases <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.<br />

Para os povos arcaicos, a época do meio <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> é freqüentemente<br />

considera<strong>da</strong> o ponto culminante, que ain<strong>da</strong> ressoa em nosso conceito de<br />

clímax [Klimakterium - menopausa]. A expansão física e, com ela, a <strong>da</strong> força<br />

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