06.05.2013 Views

A doenca como linguagem da alma.pdf

A doenca como linguagem da alma.pdf

A doenca como linguagem da alma.pdf

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

a religio, mas que deixa que a vi<strong>da</strong> seja administra<strong>da</strong> e regulamenta<strong>da</strong> pela<br />

autori<strong>da</strong>de eclesiástica. Aferrar-se a prescrições religiosas é na ver<strong>da</strong>de o<br />

contrario <strong>da</strong> religio e deixa o coração frio e vazio. O que parece uma<br />

impressionante vi<strong>da</strong> religiosa para o exterior, evidentemente pode ser oco no<br />

íntimo. A falta de vi<strong>da</strong> no centro de uma ativi<strong>da</strong>de externa exagera<strong>da</strong> é<br />

representa<strong>da</strong> anatomicamente por muitos tumores que têm seus centros<br />

necrosados (= partes mortas). De maneira semelhante, a devoção, a entrega<br />

ao destino descoberta pelos sociólogos <strong>da</strong> medicina não deve ser confundi<strong>da</strong><br />

com a postura religiosa do "Seja feita a Sua vontade!". Na maioria <strong>da</strong>s vezes,<br />

trata-se de resignação em relação a um destino sentido <strong>como</strong> superior, mas<br />

que não se aceita. No mais profundo intimo, a base <strong>da</strong> entrega não é a<br />

confiança na criação de Deus, mas sim o desespero e a impotência. Em vez<br />

de entregar-se à vi<strong>da</strong> e às suas possibili<strong>da</strong>des, os pacientes potenciais de<br />

câncer estão entregues a seus cui<strong>da</strong>dos e considerações a curto prazo e a<br />

um medo fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> existência.<br />

7. O câncer <strong>como</strong> caricatura de nossa reali<strong>da</strong>de<br />

Relatos sobre pessoas com câncer que foram «inespera<strong>da</strong>mente ceifados<br />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> pela pérfi<strong>da</strong> doença na flor <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de, no auge de suas carreiras e de<br />

suas responsabili<strong>da</strong>des" parecem contradizê-lo diametralmente. Quando se<br />

observam as histórias de vi<strong>da</strong> que estão ocultas por trás disso, tal forma de<br />

falar reflete uma assombrosa cegueira para temas sombrios. Um olhar mais<br />

atento revela que o acontecimento não se deu de forma assim tão repentina<br />

e sem prévios sinais de alarme. Justamente a falta de qualquer reação<br />

corporal e qualquer sintoma é um sinal de "normopatia".<br />

A ênfase nas grandes responsabili<strong>da</strong>des, quando examina<strong>da</strong> com<br />

precisão, revela que o afetado cumpria com o seus deveres sem se queixar.<br />

Responsabili<strong>da</strong>de, ao contrário, significa a capaci<strong>da</strong>de de <strong>da</strong>r uma resposta<br />

às necessi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> 34 . Mas os pacientes potenciais de câncer não<br />

possuem essa capaci<strong>da</strong>de. Como eles não podem impor limites e mal podem<br />

dizer não, eles facilmente se deixam sobrecarregar com obrigações. Por<br />

outro lado, eles as assumem de bom grado, para <strong>da</strong>r um sentido externo a<br />

suas vi<strong>da</strong>s - na falta de um sentido interno. Os logros e êxitos obtidos são<br />

portanto bons disfarces - por trás dos quais pululam sentimentos de falta de<br />

81

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!