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A doenca como linguagem da alma.pdf

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foco. De maneira correspondente, concentramos nossa consciência no que é<br />

mais importante, com o que as coisas menos importantes são muitas vezes<br />

esqueci<strong>da</strong>s. Escolher tem um duplo caráter, consistindo de uma escolha para<br />

dentro e uma escolha para fora. Presume-se que a visão não foi sempre tão<br />

centra<strong>da</strong>. Ain<strong>da</strong> hoje, "outros mamíferos" tais <strong>como</strong> os cavalos enxergam<br />

igualmente bem em todo o campo de visão. Nosso olho tem ain<strong>da</strong> um ponto<br />

cego próximo ao ponto em que a visão é mais aguça<strong>da</strong>, o local onde o nervo<br />

ocular penetra na retina. A consciência, treina<strong>da</strong> para escolher e para adotar<br />

pontos de vista unívocos e a seguir racionalmente o caminho mais curto, tem<br />

igualmente outros tantos pontos cegos. To<strong>da</strong> concentração e o conseqüente<br />

processo de escolha que se segue estão baseados na avaliação e<br />

pressupõem processos de pensamento.<br />

A experiência <strong>da</strong> perspectiva ensina <strong>como</strong> é importante o papel<br />

desempenhado pela avaliação, tanto no processo <strong>da</strong> visão <strong>como</strong> no do<br />

pensamento. Distorcendo a reali<strong>da</strong>de, nós percebemos <strong>como</strong> grande o que<br />

esta próximo e Como pequeno o que está longe. Neste ponto já se nota em<br />

nosso tipo de visão o egocentrismo que impregnou nosso pensamento ao<br />

longo <strong>da</strong> história. Somente aquilo que está pessoalmente próximo a nós<br />

recebe espaço em nosso pensamento c na ótica correspondente. A espinha<br />

que temos no nariz está mais próxima e, portanto, é mais importante que a<br />

epidemia de cólera na América Latina.<br />

Existe, por outro lado, o efeito aparentemente contraditório <strong>da</strong> projeção,<br />

que está ligado ao olho de maneira igualmente substancial. Enquanto<br />

intencionalmente não vejamos a viga no próprio olho, reconhecemos<br />

niti<strong>da</strong>mente o cisco no olho dos outros. Nós nos comprometemos a ver tudo<br />

do lado de fora, embora o olho nos prove o contrário o tempo todo. To<strong>da</strong>s as<br />

imagens sempre se formam somente sobre a retina, que inequivocamente<br />

está dentro. As imagens que se formam a posterior? deixam isso muito claro:<br />

quando se olha para a clari<strong>da</strong>de do Sol e em segui<strong>da</strong> se fecha os olhos, o<br />

que se vê com os olhos fechados é uma mancha escura, um negativo do Sol<br />

que certamente não existe do lado de fora.<br />

To<strong>da</strong>s as noites os sonhos nos mostram que a retina não é nem mesmo<br />

necessária para ver. To<strong>da</strong>s as imagens, aquelas que nós aparentemente<br />

obtemos de fora para dentro e sobretudo as imagens oníricas propriamente<br />

ditas são na reali<strong>da</strong>de imagens internas. Não existe nenhuma outra e, por<br />

princípio, não pode haver nenhuma outra. Apesar disso, consideramos<br />

nossos olhos <strong>como</strong> sendo aparelhos fotográficos, e deduzimos que aquilo<br />

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