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A doenca como linguagem da alma.pdf

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causali<strong>da</strong>de, de qualquer forma não nesta socie<strong>da</strong>de12 , porque nosso<br />

pensamento está impregnado de causali<strong>da</strong>de até na <strong>linguagem</strong> (<strong>como</strong><br />

demonstra por exemplo esta frase). Entretanto, não há nenhuma razão para<br />

aferrar-se a uma forma inferior e limita<strong>da</strong> de pensamento causal, tal <strong>como</strong> o<br />

sistema cientifico. Na melhor <strong>da</strong>s hipóteses, podemos ampliar a causali<strong>da</strong>de<br />

para utilizá-la <strong>como</strong> meio de aproximação ao universo que “acontece"<br />

sincronicamente, tal <strong>como</strong> já o fez Aristóteles. A vantagem de sua<br />

compreensão mais ampla <strong>da</strong> causali<strong>da</strong>de torna-se evidente assim que<br />

colocamos cientificamente sob a lupa um fenômeno simples tal <strong>como</strong> um<br />

acontecimento esportivo. Até mesmo a corri<strong>da</strong> de cem metros rasos ain<strong>da</strong> é<br />

longa demais, e precisamos portanto recortar uma pequena seção, talvez a<br />

larga<strong>da</strong>. À pergunta cientifica padrão: qual é a causa para que os esportistas<br />

se ponham a correr repentinamente? ha uma resposta cientificamente<br />

aceitável: o tiro de larga<strong>da</strong>. Ele atua do passado para o presente, sempre<br />

acontece e pode ser reproduzido.<br />

Entretanto, qualquer um que enten<strong>da</strong> um pouco de atletismo ficará pouco<br />

satisfeito com essa explicação. Ele então indicará que a causa real para a<br />

parti<strong>da</strong> dos esportistas é seu desejo de ganhar uma me<strong>da</strong>lha de ouro. Mas<br />

uma eventual vitória encontra-se ain<strong>da</strong> no futuro, não sendo portanto<br />

aceitável <strong>como</strong> causa pela ciência. Segundo a concepção de Aristóteles,<br />

também existe uma causa-padrão por trás de ca<strong>da</strong> acontecimento. Na<br />

corri<strong>da</strong> de cem metros rasos, seriam as regras do jogo. Estas, por exemplo,<br />

proíbem que se use uma bicicleta ou outro meio de auxilio não permitido. Na<br />

ver<strong>da</strong>de, os esportistas somente sabem em que direção devem largar graças<br />

ao padrão "cem metros rasos", que existe há muito tempo. Finalmente, há<br />

ain<strong>da</strong> a base material ou causas que se encontram nas raias, nos músculos,<br />

etc., e que também são aceitas pela ciência. Com quatro causas em vez de<br />

uma, ain<strong>da</strong> não fazemos justiça à reali<strong>da</strong>de, mas estamos mais perto. E se<br />

de qualquer maneira não existe causa alguma em última instância, deve-se<br />

permitir que se complete uma com três outra;. Caso empreguemos essas<br />

quatro causas para a interpretação dos sintomas, aquela apresenta<strong>da</strong> pela<br />

medicina acadêmica não se torna erra<strong>da</strong>, sendo somente completa<strong>da</strong> e<br />

amplia<strong>da</strong>.<br />

Devido ao hábito e à cegueira de si mesmo, acontece muitas vezes que a<br />

pessoa se refugie nos braços <strong>da</strong> monocausali<strong>da</strong>de habitual justamente<br />

quando se trata de importantes sintomas próprios. A pneumonia própria é<br />

então atribuí<strong>da</strong> unicamente ao agente causador, e a partir <strong>da</strong>í não se<br />

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