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A doenca como linguagem da alma.pdf

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experimente rebelar-se contra a estimulação prolonga<strong>da</strong> e tente seguir seu<br />

próprio caminho, degenerando, saindo <strong>da</strong> espécie, essa insurreição é<br />

imediatamente reprimi<strong>da</strong> pelo sistema imunológico.<br />

Neste padrão, que corresponde à primeira fase <strong>da</strong> doença, fica<br />

caracteriza<strong>da</strong> a personali<strong>da</strong>de típica do câncer. São pessoas extremamente<br />

a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s que tentam viver <strong>da</strong> maneira mais despercebi<strong>da</strong> possível,<br />

adequando-se às normas e jamais in<strong>como</strong><strong>da</strong>ndo alguém com as próprias<br />

exigências. Elas em grande medi<strong>da</strong> ignoram os desafios para crescer<br />

espiritualmente e para o desenvolvimento anímico, já que de maneira alguma<br />

querem se expor. Sua vi<strong>da</strong> é pouco estimulante em um duplo sentido: por um<br />

lado elas evitam, sempre que possível, experiências novas que poderiam<br />

movimentar sua vi<strong>da</strong>, já que mal se atrevem a aproximar-se de suas<br />

fronteiras. Elas tratam de ignorar os poucos estímulos que rompem sua<br />

couraça defensiva. A repressão <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong>des de experiências-limite<br />

reflete-se imperceptivelmente na interrupção <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de defensiva do corpo,<br />

que mantêm tudo seguramente sob controle. Experiências que ultrapassam<br />

os limites ou simplesmente alguma inofensiva pula<strong>da</strong> de cerca são sufoca<strong>da</strong>s<br />

ain<strong>da</strong> em gérmen para, a qualquer preço, manter a situação costumeira <strong>como</strong><br />

sempre.<br />

O degrau seguinte <strong>da</strong> escala<strong>da</strong> mostra <strong>como</strong> esse preço pode ser alto: é<br />

quando a corrente de impulsos de crescimento estanca<strong>da</strong> durante anos<br />

rompe o dique <strong>da</strong> repressão e goza descontrola<strong>da</strong>mente a vi<strong>da</strong> até o<br />

esgotamento. Após o rompimento do dique, não há nem volta nem para<strong>da</strong>. O<br />

corpo lança-se àquele outro extremo que até então tinha reprimido<br />

abnega<strong>da</strong>mente. Freqüentemente o fenômeno <strong>da</strong> repressão mostra-se tanto<br />

na história anímica <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>como</strong> na história <strong>da</strong>s doenças do corpo. Não é<br />

raro encontrar as chama<strong>da</strong>s anamneses vazias, ou seja, que o afetado não<br />

apresentava o menor sintoma anos e até déca<strong>da</strong>s antes do surgimento do<br />

câncer. O que à primeira vista parece uma saúde imacula<strong>da</strong>, revela-se <strong>como</strong><br />

rigorosa repressão a um olhar mais atento. Não somente os desvios<br />

anímicos <strong>da</strong> norma, os desvios corporais também foram totalmente<br />

reprimidos. Nesse contexto, o psico-oncologista Wolf Büntig fala de<br />

"normopatia" quando o ater-se rígi<strong>da</strong> e inflexivelmente às normas transformase<br />

em doença. O que poderia parecer <strong>como</strong> contenção simpática ou nobre,<br />

pode ser na ver<strong>da</strong>de repressão de impulsos vitais e, em última instância, vi<strong>da</strong><br />

não vivi<strong>da</strong>. Assim <strong>como</strong> a célula sob estimulação forte e constante faz tudo o<br />

que pode para continuar desempenhando seu dever <strong>como</strong> célula do intestino<br />

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