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digital - Comunidade Virtual de Antropologia

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Oscar Calavia Sáez<br />

confrontar textos diversos. A experiência já me mostrou que organizar<br />

uma disciplina a partir <strong>de</strong>sses “livros velhos” da biblioteca –mesmo<br />

quando se trata <strong>de</strong> estudar precisamente os clássicos da casa-, é visto no<br />

mínimo como uma extravagância.<br />

Nota: Todo o anterior não <strong>de</strong>ve ser tomado como uma <strong>de</strong>fesa dos<br />

valores permanentes <strong>de</strong>positados nas prateleiras; <strong>de</strong> fato, o pesquisador<br />

<strong>de</strong>ve, inexcusávelmente, conhecer o último que foi publicado sobre seu<br />

tema. Mas isso só serve se for capaz <strong>de</strong> reconhecer o quê caracteriza o<br />

último. Não serve <strong>de</strong> muito que um antropólogo se esforce por evitar o<br />

etnocentrismo –que faz da sua província a medida do universo- se ao<br />

mesmo tempo permanece cronocéntrico e faz da sua<br />

contemporaneida<strong>de</strong> uma pátria.<br />

Em qualquer caso, as bibliotecas são campos <strong>de</strong> pesquisa, e a rigor<br />

ninguém po<strong>de</strong> se tornar um pesquisador sem se aventurar nelas, com<br />

toda a sua poeira e seu bolor. Elas <strong>de</strong>vem ser tratadas do mesmo modo<br />

que qualquer outro campo <strong>de</strong> pesquisa, lendo entre prateleiras; a<br />

abundância <strong>de</strong> livros sobre <strong>de</strong>terminado tema em <strong>de</strong>terminado<br />

momento histórico e as lacunas que correspon<strong>de</strong>m a outros temas e<br />

outras épocas são dados significativos: vale a pena se familiarizar com<br />

essas situações em que o estado investiu na edição massiva e até na<br />

distribuição gratuita <strong>de</strong> alguns livros, ou em que estourou ou se<br />

<strong>de</strong>svaneceu a produção e tradução <strong>de</strong> obras sobre esse ou aquele<br />

assunto ou daquele autor. Quem não se perca nas bibliotecas também<br />

não será capaz <strong>de</strong> se orientar no conjunto da antropologia, ou <strong>de</strong><br />

qualquer outra ciência. As reclamações a respeito das bibliotecas –<br />

justificadas que sejam em muitos aspectos- lembram um pouco<br />

aquelas queixas <strong>de</strong> Tylor sobre a obscenida<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m da mente<br />

primitiva que ele estava a estudar. Os alunos da universida<strong>de</strong> em que<br />

trabalho, que por muitas razões costumam usar o léxico bem<br />

valorizado da interdisciplinarieda<strong>de</strong>, têm reclamado com freqüência <strong>de</strong><br />

que os livros que interessam à nossa área se encontrem disseminados<br />

por numerosos setores da biblioteca central e seria necessário isola-los<br />

numa biblioteca específica. A tradição do xerox reclui o pesquisador<br />

num universo privado que às vezes ele po<strong>de</strong> confundir com o estado da<br />

arte efetivo <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> estudo, fomentando também uma certa<br />

clausura disciplinar. A biblioteca é, por contraste, uma praça pública<br />

em que o texto se encontra em companhias talvez não <strong>de</strong>sejadas mas<br />

em qualquer caso instrutivas.<br />

Citações<br />

Parece estranho, mas várias vezes encontrei na minha vida docente<br />

com alunos que dominavam em <strong>de</strong>talhe os requisitos <strong>de</strong> uma<br />

referência correta, mas não sabiam ao certo por que <strong>de</strong>viam cumprir<br />

com esse <strong>de</strong>ver maçante.<br />

Em primeiro lugar, as citações servem para permitir a reconstrução<br />

da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> informações, para que o leitor saiba <strong>de</strong> on<strong>de</strong> proce<strong>de</strong>m os<br />

dados que o autor esta utilizando. Antes ou <strong>de</strong>pois, elas remetem a<br />

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