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digital - Comunidade Virtual de Antropologia

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Oscar Calavia Sáez<br />

urbanas ou estudos sobre minorias migrantes comportam um trabalho<br />

<strong>de</strong> campo diferente, um léxico diferente e uma seleção <strong>de</strong> autores<br />

diferente. São, em geral, julgados por profissionais que pertencem a<br />

esses subcampos e o fazem com critérios específicos. Provavelmente<br />

para os especialistas <strong>de</strong> cada campo os trabalhos dos outros tem<br />

escasso ou nulo interesse. Elaborações teóricas mais abrangentes<br />

existem, é claro, mas parecem formar por sua vez um outro campo <strong>de</strong><br />

especialida<strong>de</strong>, minimamente conectado com os outros, situado num<br />

limbo prestigioso on<strong>de</strong> não faz diferença nem molesta. Abundam as<br />

razões para manter separados os campos e para evitar juízos cruzados<br />

que os atravessem: compará-los acaba sendo uma pretensão contraria à<br />

etiqueta acadêmica e tentar chegar a um mínimo comum<br />

<strong>de</strong>nominador –a não ser que este se reduza a algumas platitu<strong>de</strong>sparece<br />

uma atitu<strong>de</strong> no mínimo positivista, e mal recebida.<br />

Tudo isso é comum, a antropologia vem funcionando assim com<br />

maior ou menor sucesso, e não da para imaginar quais gran<strong>de</strong>s<br />

vantagens <strong>de</strong>rivariam <strong>de</strong> unificar todo esse campo tão variado e<br />

disperso. Não é isso que se propõe aqui. Se a antropologia não produziu<br />

nenhuma Gran<strong>de</strong> Teoria Unificada <strong>de</strong>ssas que os físicos batalham por<br />

elaborar é simplesmente –já falamos disso quando se tratava <strong>de</strong><br />

comprar ciências humanas e outras- porque neste caso carece <strong>de</strong><br />

interesse.<br />

Mas se unificar teorias e linguagens é impossível ou inócuo, tentar<br />

traduzi-las é o único modo <strong>de</strong> que sua diferença seja interessante.<br />

On<strong>de</strong> está a teoria?<br />

Tão importante como saber o que é a teoria ou quais são as teorias<br />

é saber aon<strong>de</strong> elas se encontram ou <strong>de</strong>veriam se encontrar.<br />

Já dissemos antes que a teoria é um mo<strong>de</strong>lo; um mo<strong>de</strong>lo da/para a<br />

<strong>de</strong>scrição. Ela <strong>de</strong>ve estar, portanto, <strong>de</strong>ntro da <strong>de</strong>scrição para que possa<br />

se situar também fora <strong>de</strong>la.<br />

Mas é hábito <strong>de</strong> supor que a teoria <strong>de</strong>va se encontrar em lugares<br />

específicos do texto, pre<strong>de</strong>terminados para a sua exibição. Os mais<br />

comuns <strong>de</strong>sses teoródromos se encontram nas premissas e na<br />

conclusão dos trabalhos. Sua concentração lá convida a esse tipo <strong>de</strong><br />

leitura seletiva que com freqüência se aplica às teses. Ler a introdução<br />

e a conclusão contando com encontrar nelas a substância teórica <strong>de</strong><br />

um texto é uma prática comum, e aparentemente eficiente;<br />

<strong>de</strong>masiado, <strong>de</strong> fato. (Uma versão reducinista -sic- <strong>de</strong>sta conduta<br />

expeditiva po<strong>de</strong>ria postular que bastam, pelo contrário, a bibliografia e<br />

os agra<strong>de</strong>cimentos, suficientes para <strong>de</strong>finir a genealogia do autor, ou o<br />

seu lugar no campo intelectual).<br />

Ou seja, esses lugares previsíveis não <strong>de</strong>veriam ser suficientes. A<br />

rigor, também não são necessários: a teoria po<strong>de</strong> simplesmente estar<br />

implícita na escolha e <strong>de</strong>scrição dos dados, ou se explicitar por<br />

momentos ao fio da <strong>de</strong>scrição, sem que se <strong>de</strong>dique um capítulo<br />

específico a mostra-la isolada e por inteiro. Isso dificultará talvez a<br />

leitura, ou pelo menos a avaliação <strong>de</strong>corrente da leitura, e<br />

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