digital - Comunidade Virtual de Antropologia
digital - Comunidade Virtual de Antropologia
digital - Comunidade Virtual de Antropologia
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Oscar Calavia Sáez<br />
Nota bibliográfica: i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da antropologia.<br />
O papel <strong>de</strong>stacado dos discursos sobre a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, e mesmo sobre a<br />
anomalia da antropologia po<strong>de</strong> se comprovar em textos como<br />
ABERLE1987; ou como NADER 2000, ou, num exemplo brasileiro,<br />
PEIRANO 1997. Consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong>sse mesmo teor, junto com uma valiosa<br />
síntese da história da antropologia entre 1960 e 1980 po<strong>de</strong> se encontrar em<br />
ORTNER 2011.<br />
O argumento contra a <strong>de</strong>svalorização da antropologia na França po<strong>de</strong> se<br />
encontrar na internet: « Qui a peur <strong>de</strong> l’anthropologie ? » (ANONIMO 2006).<br />
A fórmula “disciplina indisciplinada” é <strong>de</strong> Geertz (1995), encontra-se na<br />
página 95. Aliás, foi tomada <strong>de</strong> empréstimo ou inventada paralelamente em<br />
outras disciplinas humanísticas, como po<strong>de</strong>rá comprovar quem se interesse<br />
pelas crises <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dos vizinhos. Sobre as relações entre a crise da<br />
antropologia e a crise em geral, cf. por exemplo João <strong>de</strong> Pina Cabral 2011.<br />
A crise da antropologia não se <strong>de</strong>u <strong>de</strong> repente em meados dos anos 80 do<br />
passado século: vinha se gestando talvez <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seu início e especialmente nos<br />
dois <strong>de</strong>cênios anteriores, em paralelo com o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scolonização:<br />
ASAD1973, ASAD. 1991. “From the history of colonial anthropology to the<br />
anthropology of Western hegemony”, SAID1990 e WOLF 2005.<br />
Mas o texto que consagrou a hegemonia teórica da crise -não limitada ao<br />
pecado original colonialista, mas estendida a todas as suas conseqüências<br />
epistemológicas, ontológicas e textuais foi CLIFFORD e MARCUS. Outros<br />
aspectos, ou reiterações <strong>de</strong>sses mesmos aspectos pelos mesmos autores<br />
po<strong>de</strong>m se encontrar na entrevista concedida por Clifford a José Reginaldo<br />
Gonçalves (CLIFFORD 1996); ou em MARCUS & FISCHER 1986.<br />
Há também reflexões retrospectivas dos mesmos autores sobre Writing<br />
Culture, por exemplo MARCUS1994; MARCUS1994b. É claro que a revisão<br />
crítica do mo<strong>de</strong>rnismo antropológico não se limita ao grupo do seminário <strong>de</strong><br />
Santa Fé que <strong>de</strong>u lugar a Writing Culture. No mesmo sentido se manifestaram<br />
nos mesmos anos muitos outros autores: ABU-LUGHOD 1991; ARDENER<br />
1985; PELS e SALEMINK 1999; ROSEBERRY 1996; THOMAS 1991.<br />
Des<strong>de</strong> o início da hegemonia pós-mo<strong>de</strong>rnista houve reações hostis ao que se<br />
entendia ser o seu <strong>de</strong>rrotismo, seu moralismo, seu solipsismo e outros ismos<br />
molestos. Talvez a mais ácida <strong>de</strong> todas seja o verbete “Post-mo<strong>de</strong>rnism”<br />
incluido no glossário <strong>de</strong> Roy Wagner 2001 (na página 254). Mas em geral a<br />
agenda pós-mo<strong>de</strong>rna foi vista, pelos seus <strong>de</strong>safetos, como uma faxina<br />
necessária que <strong>de</strong>veria, no entanto, se combinar com uma visão menos<br />
negativa dos clássicos e do projeto antropológico: ALEXANDER1999;<br />
PEIRANO 1992; VELHO1991.<br />
O mesmo panorama em crise tem sido <strong>de</strong>scrito por outros autores <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
ângulos e em estados <strong>de</strong> ánimo diferentes: veja-se por exemplo HANNERZ,<br />
1997 ou INGOLD, Tim et alii 1996 ou SAHLINS 1997.<br />
18