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digital - Comunidade Virtual de Antropologia

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Esse obscuro objeto da pesquisa<br />

vanguardas políticas que enten<strong>de</strong>m que nos <strong>de</strong>svencilhando da ciência<br />

nos livramos pelo menos <strong>de</strong> uma hegemonia, e para outras<br />

vanguardas <strong>de</strong> signo oposto que, às vezes, enten<strong>de</strong>m que sua<br />

hegemonia é melhor servida por um são ceticismo. Quando, em<br />

assuntos como o do aquecimento global, a gran<strong>de</strong> economia tem<br />

sentido que o consenso científico se tornava um incômodo, tem<br />

encontrado mais apoio numa dissolução cética que em qualquer<br />

tentativa <strong>de</strong> refutação. Os atuais donos do mundo, ai, são também postmo<strong>de</strong>rnos.<br />

De fato, a “ciência” continua a ser uma mediação importante para a<br />

maior parte da cidadania, e por muito que os antropólogos a tratem<br />

com um certo <strong>de</strong>scaso, a relevância política que se lhe atribui <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

precisamente do caso que outros lhe fazem como tal mediação. Eis ai a<br />

questão: por muito que a antropologia possa se empenhar em não falar<br />

“em nome da ciência” senão em nome <strong>de</strong>sta ou <strong>de</strong> aquela causa, os que<br />

a escutam o fazem porque estão ainda persuadidos <strong>de</strong> que o fazem em<br />

nome da ciência. Pelo bem da causa, será melhor fazer jus a essa<br />

persuasão.<br />

Em resumo, se algo é ou não é ciência é uma questão<br />

epistemológica. Mas se a antropologia <strong>de</strong>ve ser ciência não é uma<br />

questão epistemológica. Talvez sim política. Trata-se <strong>de</strong> escolher entre<br />

uma cisão conservadora e uma reforma, entre se afastar <strong>de</strong> uma<br />

Ciência <strong>de</strong>finida em termos extensivos (tubos <strong>de</strong> ensaio, fórmulas<br />

matemáticas, batas brancas) ou permanecer <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma ciência<br />

cujos requisitos tenham sido reduzidos a um mínimo intenso. Entre<br />

sair, carregando nosso relativismo e nossas interpretações, em direção<br />

a algum lugar mais ameno, <strong>de</strong>ixando supor que <strong>de</strong>ixamos atrás<br />

ciências <strong>de</strong> outra natureza (ciências duras, por exemplo) ou<br />

permanecer lá on<strong>de</strong> o relativismo e as interpretações fazem mais<br />

sentido, isto é, lá on<strong>de</strong> eles são questionados.<br />

Nas páginas a seguir, opto por chamar a antropologia <strong>de</strong> ciência,<br />

malgrado a impopularida<strong>de</strong> do termo.<br />

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