digital - Comunidade Virtual de Antropologia
digital - Comunidade Virtual de Antropologia
digital - Comunidade Virtual de Antropologia
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Oscar Calavia Sáez<br />
Nota bibliográfica: epistemologia<br />
Não há, que eu saiba, nada escrito sobre a epistemologia folk que vigora nos<br />
corredores dos <strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong> ciências humanas. Quanto à epistemologia<br />
popperiana, sua formulação inicial está no clássico A logica da pesquisa<br />
cientifica. (2009) tradução <strong>de</strong> Logik <strong>de</strong>r Forschung, <strong>de</strong> 1934. De um modo<br />
mais sintético e recolhendo reflexões posteriores (a edição original é em<br />
inglês, <strong>de</strong> 1972) po<strong>de</strong> se conferir em Conhecimento objetivo (1999). Nas<br />
páginas 24-29 há uma síntese <strong>de</strong> sua doutrina, e em especial do valor da<br />
refutabilida<strong>de</strong>. Um quadro na página 125 quiçá sintetiza a sua opinião perante<br />
a “virada lingüística” <strong>de</strong> Wittgenstein e asseclas.<br />
Ludwig Wittgenstein apenas publicou um livro em vida: Tratado lógicofilosófico.<br />
A edição portuguesa <strong>de</strong> 2002 inclui também as suas Investigacões<br />
filosóficas (cf. também a edição <strong>de</strong>stas na coleção Os Pensadores1975) que<br />
foram editadas postumamente, e é nelas que po<strong>de</strong>m se encontrar, no seu estilo<br />
dificilmente claro, suas idéias a respeito das relações entre saber e linguagem.<br />
Para quem se interesse pela questão mas prefira um texto divulgativo e<br />
apoiado na anedota (e num contexto histórico amplo) po<strong>de</strong> se recomendar O<br />
aticador <strong>de</strong> Wittgenstein: a história <strong>de</strong> uma discussao <strong>de</strong> <strong>de</strong>z minutos entre<br />
dois gran<strong>de</strong>s filósofos, <strong>de</strong> Edmonds & Eidinow 2010.<br />
Os paradigmas e as revoluções científicas estão <strong>de</strong>vidamente <strong>de</strong>scritos em A<br />
Estrutura das Revoluções Científicas, <strong>de</strong> KUHN. O famoso panfleto <strong>de</strong> Paul<br />
Feyerabend, <strong>de</strong> leitura sempre estimulante, teve muitas edições. Uma das<br />
primeiras em português é FEYERABEND 1977.<br />
Quem <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> toda essa <strong>de</strong>sconstrução <strong>de</strong>seje lembrar uma epistemología<br />
mais clássica, para confortar-se com ela ou se insurgir contra ela, po<strong>de</strong><br />
consultar MERTON, 1970 (especialmente sua parte IV “Estudos sobre a<br />
Sociologia das Ciências”). Ou, para uma exposição baseada nas noções<br />
popperianas <strong>de</strong> um modo mais ortodoxo que o que foi aqui esboçado,<br />
BUNGE 1985.<br />
Quem queira, pelo contrário, comprobar que o ceticismo perante o trabalho<br />
científico não é <strong>de</strong> ontem, po<strong>de</strong>ria consultar as obras do grego Sexto<br />
Empírico, especialmente o conjunto <strong>de</strong> libelos céticos coletados sob o título<br />
Contra los profesores.<br />
As relações entre “as nossas ciências” e essas ciências mais duras, ou exatas<br />
ou naturais que outros fazem, foram tratadas por numerosos autores. Entre os<br />
mais clássicos e acessíveis cabe apontar Wilhelm DILTHEY 1948 (é a<br />
edição que localizo na biblioteca da minha universida<strong>de</strong>, aliás nela Dilthey<br />
não é Wilhelm mas Guillermo); Max WEBER 1989, pp. 79-127 ou Theodor<br />
ADORNO1986.<br />
Junto a esses discursos constitutivos das ciências humanas e sociais, há<br />
também análises ou arqueologias da própria noção <strong>de</strong> ciências humanas. A<br />
30