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digital - Comunidade Virtual de Antropologia

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Esse obscuro objeto da pesquisa<br />

fazer da pesquisa <strong>de</strong> seus orientandos uma réplica ou um apêndice da<br />

sua própria pesquisa.<br />

Parente fictício vs funcionário público. Há relações <strong>de</strong> orientação<br />

que buscam se parecer à relações <strong>de</strong> parentesco: informalida<strong>de</strong>, afeto,<br />

ocasiões <strong>de</strong> convivência e sociabilida<strong>de</strong>... Outras que procuram<br />

estabelecer protocolos estritamente profissionais: formalida<strong>de</strong>, horas<br />

marcadas e dialogo restrito ao espaço e aos temas acadêmicos. Há<br />

muitas razões –no cordial Brasil não é necessário fazer a lista – para<br />

que os iniciantes confiem mais nas primeiras que nas segundas. Mas<br />

para ter uma idéia mais equânime a esse respeito, seria bom que o<br />

orientando fizesse balanço <strong>de</strong> suas próprias relações <strong>de</strong> parentesco nãofictício<br />

e levasse em conta que o tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lícias ou problemas que<br />

experimentou com pais, tios e irmãos será provavelmente parecido<br />

com os que encontrará na universida<strong>de</strong> caso chegue a convertê-la<br />

numa segunda família. Em todo caso, lembre-se bem, a relação <strong>de</strong><br />

orientação, pareça o que ela pareça, é uma relação profissional, e é<br />

importante que o continue sendo mesmo sob as roupagens cordiais.<br />

Mesmo um orientador que seja como um pai ou uma mãe tem filhos<br />

novos a cada ano. Uma nota: as relações <strong>de</strong> parentesco fictício<br />

acadêmico <strong>de</strong>vem ser exclusivamente <strong>de</strong> consangüinida<strong>de</strong> fictícia. As<br />

relações íntimas confundidas com a orientação são em algumas<br />

universida<strong>de</strong>s (americanas, por exemplo) motivos para exoneração do<br />

docente; em todas as universida<strong>de</strong>s são vias razoavelmente seguras ao<br />

<strong>de</strong>sastre, e <strong>de</strong> fato –embora nem sempre explicitamente- proibidas.<br />

Como todas as proibições, esta proíbe coisas que ten<strong>de</strong>m a acontecer<br />

com alguma freqüência.<br />

Co-autor vs ponto <strong>de</strong> referencia. Por muito absurdo que seja que<br />

um orientador assuma uma tese com a qual está em absoluto<br />

<strong>de</strong>sacordo, isso não significa que ele a tenha que subscrever na sua<br />

totalida<strong>de</strong>. No entanto, a legalida<strong>de</strong> atual das universida<strong>de</strong>s brasileiras<br />

leva a que o orientador figure como co-autor <strong>de</strong> toda tese realizada sob<br />

sua direção. Há também uma certa tendência a esten<strong>de</strong>r essa prática a<br />

todo o que um pesquisador venha a publicar com relação direta ou<br />

remota a sua pesquisa. Isso é tema <strong>de</strong> dúvidas, rumores e fricções. A coautoria<br />

por princípio é uma característica do trabalho <strong>de</strong> algumas<br />

ciências em que, efetivamente, o trabalho é feito em equipe. Ao diretor<br />

e a outros sujeitos <strong>de</strong> um laboratório on<strong>de</strong> se realiza um conjunto<br />

complexo <strong>de</strong> experiências correspon<strong>de</strong>, por <strong>de</strong>finição, uma parte da<br />

autoria <strong>de</strong> qualquer publicação daí surgida. A pesquisa antropológica,<br />

por sua vez, continua sendo em gran<strong>de</strong> medida uma pesquisa artesanal<br />

realizada individualmente, mesmo quando se insere em projetos<br />

coletivos: a noção <strong>de</strong> “laboratório” em parte lhe é imposta pelas<br />

diretrizes institucionais, em parte é usada taticamente para concorrer<br />

num campo on<strong>de</strong> a adscrição a laboratórios coletivos da mais prestígio.<br />

Na prática é raro que, mesmo nos laboratórios <strong>de</strong> antropologia mais<br />

bem tecidos, o trabalho em comum passe <strong>de</strong> um intercâmbio <strong>de</strong> idéias,<br />

leituras ou informação. Nada impe<strong>de</strong>, porém, que encontremos,<br />

mesmo nesta ciência individualista, um verda<strong>de</strong>iro trabalho <strong>de</strong> equipe.<br />

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