digital - Comunidade Virtual de Antropologia
digital - Comunidade Virtual de Antropologia
digital - Comunidade Virtual de Antropologia
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Oscar Calavia Sáez<br />
Nota bibliográfica antropologia e literatura<br />
A relação entre antropologia e literatura, ou antropologia e literatura <strong>de</strong><br />
ficção, foi um dos pilares da crítica pós-mo<strong>de</strong>rna, e a ela se <strong>de</strong>dicam alguns<br />
dos seus textos mais famosos GEERTZ 2002 pp. 11-39; 169-193; MARCUS;<br />
CUSHMAN pp. 171-213; CRAPANZANO 1977:69-73; MARCUS &<br />
CLIFFORD 1985; MARCUS e CUSHMAN 1982: 25-69. Um significado<br />
especial nessa vertente tem Clifford (2011) “Sobre a automo<strong>de</strong>lagem<br />
etnográfica: Conrad e Malinowski” pp 93-120. Mas, como já disse no texto<br />
principal, a literatura parece ser, nesses textos, uma má companhia para a<br />
antropologia. Certo, os pós-mo<strong>de</strong>rnos são favoráveis às novas<br />
experimentações na escrita, mas em geral não parecem encontrar nas velhas<br />
experimentações mais do que uma retórica no mal sentido da palavra:<br />
prosopopéia, fundamentação da autorida<strong>de</strong> do etnógrafo, etc. Suspeito que,<br />
como é <strong>de</strong> praxe nas ciências sociais, esses autores tenham lido poucos<br />
romances, embora tenham lido bastantes ensaios sobre eles. É o motivo <strong>de</strong><br />
que Conrad -amado pelos ensaístas- e não Stevenson -esquecido por elesseja<br />
a pedra <strong>de</strong> toque das suas reflexões. Sobre isso proponho um texto <strong>de</strong><br />
minha autoria: CALAVIA SÁEZ 2011. A antropologia francesa tem dado<br />
espaço a uma relação menos acomplexada entre esses dois modos <strong>de</strong><br />
escrever. Veja-se LEJEUNE 1985; BALANDIER1994; BASTIDE 1983 pp.<br />
81-87.<br />
São valiosas as reflexões <strong>de</strong> ou sobre autores que freqüentaram ambas<br />
ativida<strong>de</strong>s: HANDLER, 1983. pp. 208-231; HATOUM 2004. Muito<br />
conhecida é a análise <strong>de</strong> James Clifford da relação entre a etnologia e as<br />
vanguardas literárias francesas: “Sobre o surrealismo etnografico”, em<br />
CLIFFORD 2011pp. 121-162. Também sobre o surrealismo etnográfico (com<br />
seus aspectos nem tão instigantes) Fernando Giobellina Brumana. “Artaud:<br />
la etnografia <strong>de</strong>lirante” em GIOBELLINA BRUMANA 2005 pp. 359-371; no<br />
resto do livro não faltam referências ao mesmo tema, especialmente em torno<br />
da figura <strong>de</strong> Michel Leiris.<br />
Vale a pena notar que há propostas <strong>de</strong> aproximação da antropologia não já à<br />
literatura <strong>de</strong> ficção mas à poesia; veja se FICHTE1987 e Carlos Rodrigues<br />
BRANDÃO1982. Uma avaliação crítica <strong>de</strong>ssas tentativas, da relação entre<br />
literatura e etnografia (e do próprio sentido da antropologia), po<strong>de</strong> se<br />
encontrar em GIOBELLINA BRUMANA 2010. Sobre a trajetória <strong>de</strong> Hubert<br />
Fichte, veja-se PRINZ 2012 pp. 72-75. Veja-se também, enfim, HASTRUP,<br />
1992. pp. 116-133; SPENCER1989; FRIGOLÉ 1996.<br />
36