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Estudos de Cinema e Audiovisual

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

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A intensão <strong>de</strong> realizar filmes-ensaios no grupo é unicamente <strong>de</strong> experimentar o pensar por<br />

imagens, mas notamos com isso, como é possível através da criação <strong>de</strong> climas e sensações próprias<br />

do dispositivo cinematográfico, trazer novos sentidos a objetos do cotidiano. Godard foi pioneiro em a<br />

partir da montagem cinematográfica encontrar novas formas <strong>de</strong> “ligar as imagens”, tendo a<br />

consciência da montagem em cada uma das etapas <strong>de</strong> produção, o cineasta conseguia <strong>de</strong>sconstruir<br />

uma imagem. Um exemplo disso está no filme Old Place em que Godard mostra uma imagem <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>senho da época dos homens das cavernas e logo <strong>de</strong>pois faz uma fusão para um <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> Paul<br />

Klee que possui bastante semelhança. “Isto acaba nos levando à reflexão <strong>de</strong> que mesmo com toda a<br />

história da evolução humana, foram preservados traços comuns, que conectam as várias civilizações”<br />

(MIRANDA, 2010, p. 80).<br />

<strong>Cinema</strong> e Educação<br />

Segundo Machado (2003, apud ADORNO, 1984), existe <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Platão uma dicotomia nas<br />

esferas do saber separando a poesia e a filosofia, a arte e a ciência, “em uma dualida<strong>de</strong> entre as<br />

experiências sensível e cognitiva” (p.65). No entanto, o ensaio, tido inicialmente como atributo da<br />

linguagem escrita, é a negação <strong>de</strong>sta dicotomia, pois ele invoca as emoções e o pensamento.<br />

“O ensaio é a forma por excelência do pensamento no que este tem <strong>de</strong> in<strong>de</strong>terminado, <strong>de</strong><br />

processo em marcha em direção a um objetivo” (Machado, 2003 apud Mattoni, 2011, p.65). Assim,<br />

trazendo o ensaio para o cinema com o Grupo Kino-Olho, vemos que ele nos permite criar mundos,<br />

recriar e experimentar com cores <strong>de</strong> sons e imagens <strong>de</strong> palavras: é o pensamento encontrando sua<br />

forma em imagem e ele não tem apenas uma, mas infinitas.<br />

Arlindo Machado afirma que “no futuro, quando as câmeras substituírem as canetas, quando<br />

os computadores editarem filmes em vez <strong>de</strong> textos”, o filme-ensaio, “será provavelmente a maneira<br />

como ‘escreveremos’ e daremos forma ao nosso pensamento” (MACHADO, 2003, p. 75). O que<br />

vemos no entanto, mesmo com a posse dos aparelhos celulares com câmeras por gran<strong>de</strong> parcela da<br />

população, são as ferramentas do audiovisual sendo empregadas para outros fins. Nas escolas o<br />

audiovisual tem se inserido como forma <strong>de</strong> ilustração ou exemplificação <strong>de</strong> conteúdos didáticos para<br />

facilitar o entendimento do aluno. Porém, raramente ele é explorado como experiência artística<br />

subjetiva ou para criar um contato com o sensível e apreen<strong>de</strong>r o conhecimento do mundo.<br />

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