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Estudos de Cinema e Audiovisual

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

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Para compreen<strong>de</strong>r melhor esse extrato que faz parte <strong>de</strong> um capítulo maior com o mesmo<br />

nome, acredito ser necessário explicar mesmo que brevemente o percurso pelo qual o meu trabalho<br />

se <strong>de</strong>limita - até agora, pelo menos.<br />

Na dissertação analiso alguns filmes do cinema brasileiro até 1950 sob a perspectiva dos<br />

estudos queer. Explicando brevemente a estrutura que estou seguindo, os primeiros capítulos se<br />

<strong>de</strong>dicam a explicar o que é a teoria e o cinema queer, além <strong>de</strong> fazer um histórico a respeito da<br />

sexualida<strong>de</strong> e das relações homossociais no Brasil no período estudado, incluindo a representação<br />

em outras artes. A parte final do trabalho se <strong>de</strong>dica a analisar mais minunciosamente três obras que<br />

acreditamos ser algumas das principais obras que carregam essa estética queer no cinema brasileiro:<br />

"Braza Dormida", <strong>de</strong> Humberto Mauro (1929); "Limite" <strong>de</strong> Mário Peixoto (1931) e "Poeira <strong>de</strong> Estrelas"<br />

<strong>de</strong> Moacyr Fenelon (1948).<br />

Porém, o capítulo no qual eu gostaria <strong>de</strong> me ater aqui é justamente aquele que serve como<br />

ponte para toda esta discussão teórica, histórica e social em direções às análises mais específicas<br />

dos filmes. É on<strong>de</strong> apresento possíveis caminhos para enten<strong>de</strong>r como posso aplicar essa teoria que é<br />

um tanto recente em um cinema mais antigo, o que a princípio po<strong>de</strong>ria soar estranho ou mesmo<br />

ahistórico.<br />

Atualmente passamos por um momento interessante, em que cinematografias nacionais,<br />

regionais e autorais estão passando por um processo <strong>de</strong> revisão pelo viés queer. Assim, além <strong>de</strong><br />

simplesmente termos uma base histórica e filmes os quais po<strong>de</strong>mos perceber mais claramente a<br />

presença do elemento queer, uma onda teórica acompanhou esse movimento. Tal feito é importante<br />

porque toda essa, digamos, escavação quase arqueológica dos filmes que décadas atrás já<br />

apresentavam signos queers, não só apresenta uma revisão historiográfica <strong>de</strong> cinematografias -<br />

geralmente a norte-americana, mas também a francesa, inglesa e alemã, entre outras. Um<br />

pensamento que <strong>de</strong>monstra como e porque aqueles filmes são queer acompanhou este movimento, o<br />

que auxilia enormemente estudos contemporâneos.<br />

Antes <strong>de</strong> tudo, sinto que é necessário <strong>de</strong>ixar claro o que eu entendo por queer, já que mesmo<br />

na teoria e nos grupos militantes o queer é tratado <strong>de</strong> inúmeras maneiras. No meu trabalho e nesta<br />

apresentação eu percebo o queer como uma sexualida<strong>de</strong> fora da dominante, algo que foge <strong>de</strong><br />

preceitos e condições heteronormatizantes. Não só o queer serve para agrupar as várias formas em<br />

que po<strong>de</strong>mos fugir do hétero - gay, lésbica, bi, trans- sexualida<strong>de</strong>, mas o queer geralmente indica<br />

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