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Estudos de Cinema e Audiovisual

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

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se evoca a voz do escritor Guimarães Rosa, por meio <strong>de</strong> um intrincado procedimento <strong>de</strong> organização<br />

das sequências do filme, funcionado, primeiramente, como um fio condutor da narrativa, para, em<br />

seguida, termos uma compreensão maior <strong>de</strong> seu papel no documentário.<br />

Eu carrego um sertão <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim vale-se <strong>de</strong> imagens <strong>de</strong> arquivo da viagem <strong>de</strong> 1967 e<br />

configura uma atualização <strong>de</strong> seu universo sertanejo mediante a relação entre palavra e imagem.<br />

Nesta viagem, marcada por <strong>de</strong>slocamentos pela geografia sertaneja e contatos com figuras<br />

representativas, o diretor reuniu um conjunto <strong>de</strong> referências para a configuração <strong>de</strong> seu universo<br />

pessoal sertanejo. Esse arcabouço reverbera a sua origem e influências das leituras do escritor<br />

Guimarães Rosa e estabelece, na passagem entre as duas viagens, <strong>de</strong> 1967 e 1969, a consolidação<br />

<strong>de</strong> sua poética atravessada pelo sertão. Em seguida, o tema do sertão se conforma como<br />

atravessador das temáticas <strong>de</strong>senvolvidas em seus filmes da década seguinte, com a continuida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> uma valorização do universo popular das temáticas registradas, além <strong>de</strong> sua inserção como<br />

conteúdo nas temáticas tratadas dos documentários.<br />

Consi<strong>de</strong>rações Finais<br />

Respiramos outro momento na filmografia <strong>de</strong> Sarno, sobretudo em relação ao dialogo com a<br />

literatura, sendo o sertão um atravessador <strong>de</strong>sse domínio que mo<strong>de</strong>la o olhar poético e da crítica<br />

histórico-social do cineasta, permitindo investimentos formais e <strong>de</strong> conteúdos diferenciados. Sarno<br />

elabora outro olhar, com o <strong>de</strong>sapego em relação ao nacional-popular que o marcou previamente, mas<br />

sem <strong>de</strong>svencilhar completamente <strong>de</strong>sta herança. Faz-se perceptível a influência do sertão, já<br />

marcado pelos aprendizados e os conhecimentos <strong>de</strong>ssas primeiras viagens, que a partir dos filmes<br />

da década <strong>de</strong> 1970, configura-se como um atravessador nas temáticas propostas nos documentários.<br />

Ao orientar-se pelas vias do literário e do ensaio sociológico, Sarno ativa um repertório<br />

popular e erudito, sendo o sertão um atravessador <strong>de</strong>sses domínios, algo que mo<strong>de</strong>la o olhar poético<br />

e a crítica social, política e histórica do cineasta. Com exceção <strong>de</strong> Casa Gran<strong>de</strong> & Senzala, notamos<br />

mudanças significativas na abordagem do universo temático do sertão, sobretudo em relação aos<br />

filmes realizados na década <strong>de</strong> 1960. Notam-se algumas modificações formais nos documentários,<br />

como maior observação dos sujeitos filmados e variações expressivas nos usos da montagem.<br />

memória do diretor que se apropria <strong>de</strong>ssas imagens para o uso da configuração <strong>de</strong> uma visão pessoal sobre o<br />

sertão.<br />

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