03.06.2016 Views

Estudos de Cinema e Audiovisual

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Jacques Rancière (2002) em seu livro “O Mestre Ignorante”, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> em linhas gerais o que<br />

ele chama <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> das inteligências. Para o autor, as escolas e a socieda<strong>de</strong> pedagogizada<br />

partem da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> das inteligências para educar o aluno, estabelecendo uma distância entre o<br />

professor e o aluno, como se o primeiro fosse o símbolo do ‘saber’ e o segundo daquele que não<br />

sabe, haja vista o significado da palavra a-luno, sem-luz. No entanto, “quem estabelece a igualda<strong>de</strong><br />

como objetivo a ser atingido, a partir da situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>”, a exemplo entre professor e<br />

aluno, “<strong>de</strong> fato a posterga até o infinito” (2002, p.10). Pois, segundo Rancière (2002), “não há<br />

ignorante que não saiba uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coisas, e é sobre este saber, sobre esta capacida<strong>de</strong> em<br />

ato que todo ensino <strong>de</strong>ve se fundar” (2002, p.11).<br />

Com o filme-ensaio, uma simples reflexão artística po<strong>de</strong> ser um estímulo ao pensamento e<br />

consequentemente a novas formas <strong>de</strong> se pensar a educação do olhar. Como explica Jan<br />

Masschelein (2008) em seu artigo “E-ducando o Olhar: a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma pedagogia pobre”<br />

que muito se aproxima da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> educação implícita nas ativida<strong>de</strong>s do Kino-Olho: a educação<br />

po<strong>de</strong> ser vista não como visto na socieda<strong>de</strong> pedagogizada a que Rancière se refere, mas no<br />

sentido <strong>de</strong> conduzir-se para fora, “em um estado da mente que se abre para o mundo <strong>de</strong> forma que<br />

se possa se apresentar a mim (para que eu possa chegar a ver) e para que eu possa ser<br />

transformado” (2008, p.36). Este seria o real “princípio <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong>”. Ou, ainda, “princípio <strong>de</strong><br />

reflexivida<strong>de</strong>”. Ou, também, “princípio <strong>de</strong> transformação” (LARROSA, 2011. p.6). Aspectos <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

se po<strong>de</strong> partir para pensar em novos <strong>de</strong>sdobramentos para a educação e para a educação e o<br />

cinema.<br />

Referências<br />

BRESSON, R. Notas sobre o cinematógrafo. São Paulo: Iluminuras, 2005.<br />

LARROSA, J. “Experiência e Alterida<strong>de</strong> em Educação”. Revista Reflexão e Ação:, Santa Cruz do<br />

Sul, vol. 19, n.12, jul.-<strong>de</strong>z. 2011.<br />

MACHADO, A. “O filme-ensaio”. Concinnitas:, Rio <strong>de</strong> Janeiro: UERJ, ano 4, nº 5, 2003.<br />

MASSCHELEIN, J. “E-ducando o olhar: a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma pedagogia pobre”. ER Educação e<br />

Realida<strong>de</strong>, 2008.<br />

119

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!