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Estudos de Cinema e Audiovisual

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

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seja preciso dizer tudo. Alguns recursos cênicos, porém, po<strong>de</strong>m ser empregados para exposições<br />

mais concentradas, como o quadro-branco em De volta para o futuro 2 (Robert Zemeckis, 1989), as<br />

estátuas e templos usadas em metáforas visuais em Metropolis, e telas <strong>de</strong> computador como a <strong>de</strong><br />

Alien, o oitavo passageiro (Ridley Scott, 1979).<br />

Outra possibilida<strong>de</strong>, recorrentemente explorada no cinema e nas séries <strong>de</strong> ficção científica<br />

para construir momentos concentrados <strong>de</strong> exposição, são as reencenações <strong>de</strong> acontecimentos<br />

passados ou presentes, seja por meio <strong>de</strong> flashbacks, como em Akira e em “1984” (Michael Radford,<br />

1984), ou – o que é bastante típico <strong>de</strong>ste gênero – através <strong>de</strong> meios diegéticos en<strong>de</strong>reçados a um<br />

“público” amplo, como os telejornais <strong>de</strong> Robocop, o policial do futuro (Paul Verhoeven, 1987), as<br />

propagandas em Minority Report, a nova lei (Steven Spielberg, 2002), o informativo do “Paraíso do<br />

Prazer <strong>de</strong> Biff Tannen” em De volta para o futuro 2 e ví<strong>de</strong>os educativos 3 como o do parque dos<br />

dinossauros em Jurassic Park (Steven Spielberg, 1993). Uma alternativa é o uso <strong>de</strong> meios diegéticos<br />

en<strong>de</strong>reçadas a um personagem específico, como os hologramas <strong>de</strong> Guerra nas Estrelas, as<br />

vi<strong>de</strong>ochamadas <strong>de</strong> 2001, uma odisseia no espaço e as simulações <strong>de</strong> treinamento em Matrix.<br />

Consi<strong>de</strong>rações finais<br />

O que se po<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r com esta varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos expositivos no cinema <strong>de</strong> ficção<br />

científica? Em uma pesquisa ainda em <strong>de</strong>senvolvimento, foi possível perceber que a escolha e o<br />

emprego <strong>de</strong> tais técnicas se relacionam com os modos narrativos (BORDWELL, 1985) que regem<br />

cada filme, isto é, as diferentes normas <strong>de</strong> construção e <strong>de</strong> compreensão narrativa que po<strong>de</strong>m estar<br />

em vigor. Dois modos sugeridos por Bordwell são particularmente relevantes no corpus aqui<br />

discutido: aquele por ele <strong>de</strong>nominado “narração cinematográfica clássica”, caracterizada por<br />

personagens com objetivos claros e personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>finida; pela possibilida<strong>de</strong> inequívoca <strong>de</strong><br />

reconstruir toda a história que se passou, após o seu término e por uma quantida<strong>de</strong> maior <strong>de</strong><br />

redundância (SULEIMAN, 1983); e o modo narrativo intitulado “narração <strong>de</strong> arte”, ou “narração<br />

mo<strong>de</strong>rna”, caracterizada pela maior ambiguida<strong>de</strong> e in<strong>de</strong>terminação na narrativa e na obra como um<br />

todo (ECO, 1968), lacunas e/ou contradições internas, bem como predominância do autoral sobre o<br />

verossímil.<br />

Sob este parâmetro, técnicas com exposição mais concentradas (preliminares ou<br />

3 Agra<strong>de</strong>ço a Ricardo Tsutomu Matsuzawa pela sugestão.<br />

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