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Estudos de Cinema e Audiovisual

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

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<strong>de</strong> padrões “prontos” ou sem força e coerência expressiva e conceitual, um problema que po<strong>de</strong> vir a<br />

ser agravado ainda mais <strong>de</strong>vido ao imediatismo imposto pelo ritmo produtivo da televisão.<br />

Há, no entanto, diretores que preferem atuar a partir <strong>de</strong> processos criativos particulares. Aqui<br />

se encaixa o diretor Luiz Fernando Carvalho. No conjunto das suas produções é possível vislumbrar<br />

não somente opções conceituais e estéticas inovadoras, que seguem uma perspectiva experimental,<br />

e por vezes radical da construção da materialida<strong>de</strong> cênica, <strong>de</strong>terminando a impressão <strong>de</strong> traços<br />

autorais nas suas obras; mas também os resultados visuais <strong>de</strong> um uso diferenciado das técnicas e<br />

processos produtivos da direção <strong>de</strong> arte televisiva. Das minúcias dos <strong>de</strong>talhes à composição das<br />

imagens, as equipes seguem uma opção metodológica diferenciada da lógica industrial televisiva,<br />

pautada por práticas artesanais, aproximadas aos procedimentos cinematográficos.<br />

O “lugar” da direção <strong>de</strong> arte no processo criativo <strong>de</strong> Luiz Fernando Carvalho<br />

Diante da trajetória <strong>de</strong> Luiz Fernando Carvalho na Re<strong>de</strong> Globo, enten<strong>de</strong>mos que as linguagens<br />

visuais concebidas nas suas obras resultam <strong>de</strong> uma intensa parceria entre o diretor e as suas<br />

equipes <strong>de</strong> arte. Assim como, os níveis estéticos alcançados resultam <strong>de</strong> seus questionamentos<br />

sobre a essência da produção teledramatúrgica e <strong>de</strong> uma notável subversão da estrutura industrial<br />

televisiva, que o leva a expandir os limites <strong>de</strong> recursos, espaços e formatos da representação.<br />

Trabalhando com diretores <strong>de</strong> arte ou exercendo ele próprio indiretamente a função em<br />

simultaneida<strong>de</strong> com a direção geral, o fato é que é perceptível uma valorização estética e um<br />

empo<strong>de</strong>ramento da materialida<strong>de</strong> cênica nas suas obras: os cenários não são simples panos <strong>de</strong><br />

fundo, e sim coadjuvantes das cenas, assim como os figurinos e as maquiagens <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ilustrar e<br />

passam a significar, colaborando para a construção <strong>de</strong> atmosferas únicas.<br />

O seu gênio inovador está justamente em perceber e transcen<strong>de</strong>r esses limites da linguagem<br />

televisiva, construindo novas possibilida<strong>de</strong>s estéticas e discursivas. E a direção <strong>de</strong> arte tem “lugar” <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>staque nesta sua obstinação estética. Realistas ou não, <strong>de</strong> traços teatrais ou cinematográficos, as<br />

suas produções <strong>de</strong> teledramaturgia revelam um reconhecimento da força expressiva e conceitual do<br />

projeto <strong>de</strong> arte, transcriando textos e discursos audiovisuais <strong>de</strong>nsos e coesos. Neste processo, as<br />

equipes <strong>de</strong> arte vêm seus espaços e recursos criativos ampliados, com expressivida<strong>de</strong> dilatada nos<br />

resultados finais das obras. A direção <strong>de</strong> arte é, assim, um dos principais instrumentos nas mãos<br />

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