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Estudos de Cinema e Audiovisual

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

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propósito <strong>de</strong> um show (Eduardo Escorel e Júlio Bressane, 1966, 34min) e Nelson Cavaquinho (Leon<br />

Hirszman, 1969, 14min), além do longa-metragem Nelson Freire – um filme sobre um homem e sua<br />

música (João Moreira Salles, 2002, 102min).<br />

O segundo conjunto <strong>de</strong> filmes enfrenta o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> filmar o improviso: A cantoria (Geraldo<br />

Sarno, 1970, 15min), Partido alto (Leon Hirszman, 1982, 22min) e Hermeto, campeão (Thomaz<br />

Farkas, 1981, 44min). Diante daquilo que se improvisa perante a câmera (e que é governado por<br />

algum grau <strong>de</strong> in<strong>de</strong>terminação), observou-se os filmes possuem graus diferenciados <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> e<br />

autonomia para conduzirem sua própria performance.<br />

O terceiro conjunto é <strong>de</strong>dicado ao canto amador (GORBMAN, 2012), isto é, à música<br />

interpretada por aqueles que não têm formação musical, pessoas comuns, ouvintes <strong>de</strong> músicas feitas<br />

por outras pessoas, mas que por força da situação da filmagem se põem a cantar. O filme central<br />

<strong>de</strong>sse conjunto é As canções (Eduardo Coutinho, 2011, 92min), mas evocamos também passagens<br />

<strong>de</strong> documentários anteriores do mesmo diretor.<br />

No quarto conjunto abordamos cantos no trabalho (e não como trabalho), em meio a práticas<br />

culturais em vias <strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecer. Analisamos o longa-metragem Aboio (Marília Rocha, 2005, 73min),<br />

em perspectiva com os curtas-metragens Cantos <strong>de</strong> trabalho – Mutirão, Cacau e Cana-<strong>de</strong>-açúcar<br />

(Leon Hirszman, 1975-1976, 12min, 11min e 10min).<br />

O último conjunto é <strong>de</strong>dicado à análise <strong>de</strong> um único filme, bastante singular no contexto mais<br />

recente: Matéria <strong>de</strong> composição (Pedro Aspahan, 2013, 82min), que acompanha o trabalho <strong>de</strong> três<br />

compositores, convidados pelo cineasta a criarem uma peça especialmente para um curta-metragem.<br />

Adotamos um método exploratório <strong>de</strong> trabalho: ir aos filmes guiados unicamente pelo<br />

postulado – em aberto – <strong>de</strong> que neles algo <strong>de</strong>stoa da forma como a música se inscreve em gran<strong>de</strong><br />

parte dos filmes mais recentes. Buscamos discutir como filmar a música é um campo problemático<br />

<strong>de</strong> reflexão, bem como a escuta, processo que vai muito além da simples absorção <strong>de</strong> um evento<br />

sonoro por meio da audição. Como se sabe, a escuta é um conceito chave para a reflexão acerca dos<br />

fenômenos sonoros (e entre eles, os musicais), mas é também uma faceta importante do trabalho do<br />

espectador, embora esse aspecto nem sempre seja explicitado pelos pesquisadores do cinema em<br />

geral.<br />

As análises <strong>de</strong>monstraram que os filmes apresentam diferentes formas <strong>de</strong> inscrever o<br />

fenômeno musical. Falar em música significa falar em vários aspectos e estes nem sempre são<br />

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