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Estudos de Cinema e Audiovisual

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

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procedimentos da análise poética (GOMES, 2004) e a noção <strong>de</strong> alegoria (BENJAMIN, 1984)<br />

enquanto um elemento que, ao tempo que constitui essas narrativas, produz um efeito <strong>de</strong><br />

transnacionalização da obra cinematográfica permitindo o seu trânsito nas diferentes esferas <strong>de</strong><br />

recepção que compõem essa espécie <strong>de</strong> cosmopolitismo lusófono aqui compreendido como efeito<br />

resultante das produções provenientes <strong>de</strong> países <strong>de</strong> língua portuguesa.<br />

Do cinema africano <strong>de</strong> língua portuguesa<br />

Mesmo com o pouco tempo <strong>de</strong> existência – aproximadamente 50 anos – os cinemas<br />

africanos têm <strong>de</strong>monstrado trazer gran<strong>de</strong>s contribuições para o cinema contemporâneo mundial,<br />

tanto do ponto <strong>de</strong> vista temático, ao trazer em suas narrativas questões políticas complexas, como os<br />

efeitos do pós-guerra; quanto pelo aspecto da produção, ao apresentar novas poéticas fílmicas a<br />

partir da experiência diásporica <strong>de</strong> seus realizadores. Porém, na medida em que foram firmados<br />

regimes <strong>de</strong> coprodução, o cinema dos países africanos também se fortaleceu ganhando um suporte<br />

em questões <strong>de</strong> infraestrutura <strong>de</strong> produção, distribuição e circulação <strong>de</strong> seus filmes, esta última,<br />

principalmente em festivais e mostras <strong>de</strong> filmes.<br />

Integrando essas novas formas <strong>de</strong> agremiação do cinema mundial, muitas vezes a<br />

familiarida<strong>de</strong> linguística acaba servindo como estratégia <strong>de</strong> articulação entre os países, a exemplo<br />

dos cineastas provenientes <strong>de</strong> países africanos <strong>de</strong> língua portuguesa que realizam produções em<br />

parceria com Portugal. Especialmente após a a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> Portugal à Comunida<strong>de</strong> Europeia em 1986,<br />

houve uma vasta parceria cinematográfica transnacional com países como o Brasil (1985), Cabo<br />

Ver<strong>de</strong> (1989), Moçambique (1990), Angola (1992) e São Tomé e Príncipe (1994). De acordo com<br />

Paulo Cunha (2013, p. 75) como parte <strong>de</strong>ssas políticas <strong>de</strong> reaproximação “[...] o cinema português<br />

tem tido como priorida<strong>de</strong> na sua internacionalização, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> lusofonia, procurando estreitar<br />

relações com os países africanos <strong>de</strong> língua oficial portuguesa”. Nesse sentido, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001, o Instituto<br />

do <strong>Cinema</strong> e do <strong>Audiovisual</strong> (ICA), em Portugal realiza um programa <strong>de</strong> promoção da coprodução<br />

com países <strong>de</strong> língua portuguesa no qual diversos filmes africanos foram realizados. Um exemplo<br />

disso se encontra na própria trajetória do cineasta guineense Flora Gomes que <strong>de</strong> cinco longasmetragens<br />

realizados, quatro – os filmes que compõem o corpus <strong>de</strong>sta pesquisa – foram financiados<br />

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