03.06.2016 Views

Estudos de Cinema e Audiovisual

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

minúsculo (4,01 x 5,79 mm), é dilatado pelas escolhas <strong>de</strong> iluminação e exposição; e pelo processo <strong>de</strong><br />

revelação. Tudo isso somado à transferência da película para um arquivo digital e às inevitáveis<br />

conversões e <strong>de</strong>codificações da nossa era <strong>de</strong> tecnologias transgênicas. Esses estratos amalgamados<br />

<strong>de</strong> grão, pixel, mulher, luz, movimento, explicitam as partículas que compõem a imagem. Em meio ao<br />

paradoxo da visibilida<strong>de</strong> da matéria através <strong>de</strong> sua aparente <strong>de</strong>smaterialização nos é permitido “não<br />

apreen<strong>de</strong>r a imagem [mas] <strong>de</strong>ixar-[nos] ser apreendidos por ela: portanto [...] <strong>de</strong>ixar-[nos] <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r<br />

do [nosso] saber sobre ela” (DIDI-HUBERMAN, 2013, p. 24). Como se os grãos saltassem da tela e<br />

impregnassem a sala <strong>de</strong> cinema envolvendo em matéria fílmica os espectadores.<br />

As estratégias da fotografia para tornar visível, ainda que sutilmente, sensações ou<br />

pensamentos, são todas baseadas na manipulação <strong>de</strong> sua materialida<strong>de</strong>, mesmo que esta possa ser<br />

entendida como movimento ou duração. Para além das questões interpretativas que po<strong>de</strong>m variar <strong>de</strong><br />

acordo com o espectador, com as circunstâncias históricas entre tantas outras variáveis, todas as<br />

expressões artísticas são reféns <strong>de</strong> sua matéria e, <strong>de</strong>sta forma, acreditamos ser ilusória a fronteira<br />

entre materialida<strong>de</strong> e imaterialida<strong>de</strong>, ambas constituem um mesmo e único corpo. Pois “a imagem<br />

cinematográfica não é nada tangível. Este é o paradoxo da imagem luminosa do cinema (e aqui não<br />

faço nenhuma distinção tecnológica: pois é verda<strong>de</strong>iro tanto para o ví<strong>de</strong>o quanto para a imagem<br />

digital): ela não é propriamente material; não po<strong>de</strong>mos tocá-la nem mesmo localizá-la (ela não está<br />

sobre a película, nem sobre a tela, nem na projeção). No entanto, ela possui uma forma material (ela<br />

não é imaterial) 10 ” (AUMONT, 2009, p. 21).<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

AUMONT, J. Matière d'images, redux. Paris: Éditions <strong>de</strong> la Différence, 2009. coleção: Les Essais.<br />

BELLOUR, R. Le corps du cinéma: hypnoses, émotions, animalité. Paris: POL, 2009.<br />

DIDI-HUBERMAN, G. A imagem sobrevivente: história da arte e tempo dos fantasmas segundo Aby<br />

Warburg. Tradução <strong>de</strong> Vera Ribeiro. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Contraponto, 2013. [original francês: 2002].<br />

DIDI-HUBERMAN, G. Diante da Imagem. São Paulo: Editora 34, 2013. [original francês: 1990].<br />

EPSTEIN, J. La inteligéncia <strong>de</strong> una máquina. Buenos Aires: Ediciones Nueva Visión, 1960. [original<br />

francês: 1946].<br />

EPSTEIN, J. Écrits sur le cinéma - tome 1. Paris: Éditions Seghers/Cinéma club, 1974.<br />

EPSTEIN, J. Écrits sur le cinéma - tome 2. Paris: Éditions Seghers/Cinéma club, 1974.<br />

10 [l’image du cinéma] n’est plus tangible du tout. C’est tout le paradoxe <strong>de</strong> l’image lumineuse du cinéma (et ici je<br />

ne fais pas acception <strong>de</strong> technique: c’est vrai <strong>de</strong> la vidéo, du numérique): elle n’a pas elle-même, à proprement<br />

parler, <strong>de</strong> matériau; on ne peut la toucher ni même vraiment la localiser (elle n’est pas sur la pellicule seulement,<br />

ni sur l ‘écran seulement, ni dans la projection seulement). Pourtant, elle a une forme matérielle (elle n’est pas<br />

immatérielle).<br />

65

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!