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Estudos de Cinema e Audiovisual

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

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<strong>de</strong>pendências <strong>de</strong> um teatro, salas <strong>de</strong> dança e paisagens da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Wuppertal – on<strong>de</strong> os atores<br />

sociais dançantes dão sustentação ao enunciado do sujeito-da-câmera/enunciador. Wen<strong>de</strong>rs, nesse<br />

caso, como diretor ou o guia do sujeito-da-câmera, solicita explicitamente, e, sem questões antiéticas<br />

envolvidas, que o ator social <strong>de</strong>poente/performer, encene seu <strong>de</strong>poimento. Que atue enquanto<br />

enuncia sua voz. Em outras palavras: “que <strong>de</strong>senvolva ações [dance seu <strong>de</strong>poimento] com a<br />

finalida<strong>de</strong> prática <strong>de</strong> figurar para a câmera um ato previamente explicitado.” (RAMOS, 2008, p. 42).<br />

A encenação-locação, neste caso, distingue-se da encenação-construída, pois o ambiente<br />

<strong>de</strong>ssa locação é o próprio ambiente on<strong>de</strong> o sujeito que é filmado vive sua vida e constrói-se dia a dia<br />

enquanto personagem encenado/dançado, mesmo que, nas tomadas para a câmera, as ações<br />

tenham sido previamente ensaiadas. Os dançarinos, intérpretes <strong>de</strong> si mesmos, nada mais são do que<br />

sujeitos que (re)apresentam a si mesmos em um teatro forjado em locação.<br />

Conclui-se que a ação das vozes corporalizadas icônicas e dançantes é a própria encenação<br />

– limite <strong>de</strong> si mesmo – ou (re)apresentação no texto documental, mas a (re)presentação em si não é<br />

o foco principal. Nessa instância, portanto, os atores sociais encenam poética e performaticamente,<br />

em seu próprio ambiente, trechos da história da qual, <strong>de</strong> fato, fazem parte.<br />

Referências<br />

NICHOLS, B. “Performing documentary”. In: ______. Blurred Boundaries: questions of meaning in<br />

contemporary culture. Indianápolis: Indiana University Press, 1994 (p. 92-107).<br />

______. “A voz do documentário”. In: RAMOS, F. P. (org.) Teoria contemporânea do cinema – vol.<br />

2. São Paulo: SENAC, 2005. (p. 47-67).<br />

______. Introdução ao documentário. Campinas-SP: Papirus, 2012.<br />

PENAFRIA, M. O filme documentário: história, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, tecnologia. Lisboa: Edições Cosmos,<br />

1999.<br />

______. “Em busca do perfeito realismo”. In: SILVEIRA, L. M.; ARAÚJO, D. C. (orgs.). Tecnologia e<br />

Socieda<strong>de</strong>, Curitiba, n°1, out. 2005. (p. 177-196).<br />

PINA. Direção <strong>de</strong> Wim Wen<strong>de</strong>rs. Alemanha-França-Reino Unido, 2011. 1 filme (106 min.): son.;<br />

color.; suporte DVD.<br />

RAMOS, F. P. Mas, afinal... O que é mesmo, documentário? São Paulo: SENAC, 2008.<br />

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