03.06.2016 Views

Estudos de Cinema e Audiovisual

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

postergada – e a concentração – concentrada versus distribuída, sendo que toda exposição<br />

distribuída é, em parte, postergada. Assim sendo, muitas vezes ela se concentra nos momentos<br />

iniciais das narrativas, explicando com clareza o contexto inicial daquele mundo possível (ex:<br />

Metropolis, Guerra nas Estrelas) e ajudando o espectador a formular apostas sobre as suas<br />

consequências (suspense); outras narrativas postergam a exposição para o meio ou o fim (Matrix;<br />

Cida<strong>de</strong> das Sombras), induzindo a produção <strong>de</strong> hipóteses sobre as próprias premissas da história<br />

(curiosida<strong>de</strong>); e há ainda a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuir a exposição em vários momentos narrativos<br />

(Alphaville, O homem duplo), <strong>de</strong> modo ao espectador precisar continuamente revisar as suas<br />

intuições sobre causas e consequências.<br />

Os parâmetros acima discutidos dizem respeito à forma (Bordwell, 1985), mas pouco se<br />

examinou o estilo cinematográfico: recursos plásticos/audiovisuais para a apresentação da estória<br />

(BORDWELL, 1985). No caso das narrativas audiovisuais, tal função tem sido tradicionalmente<br />

cumprida por um conjunto diversificado <strong>de</strong> técnicas: letreiro, narração em voz over, diálogos, a miseen-scène<br />

(cenografia, figurino), flashback, música ou mídias do universo ficcional (telejornais,<br />

anúncios publicitários, livros <strong>de</strong> história, hologramas, etc.) (MOURA, 2011). Tal diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

técnicas, muitas das quais <strong>de</strong>senvolvidas como respostas à acusação <strong>de</strong> “teatro filmado” frequente<br />

nos primeiros anos do cinema, resultam numa consi<strong>de</strong>rável varieda<strong>de</strong> plástica na ficção científica<br />

audiovisual.<br />

Técnicas expositivas verbais e não-verbais<br />

Embora o cinema e as séries televisivas sejam tratados como “meios visuais”, alguns dos<br />

seus recursos expositivos mais importantes são verbais, herdados da literatura, do teatro e da<br />

narração oral. Na era muda do cinema, letreiros e intertítulos eram as principais técnicas empregadas<br />

para estabelecer exposições preliminares e concentradas, estabelecendo as premissas ficcionais<br />

rapidamente, como em Aelita, a rainha <strong>de</strong> Marte (Yakov Protazanov, 1924) e Metropolis (Fritz Lang,<br />

1927). Embora menos importante no cinema sonoro, tal recurso foi resgatado em Star Wars (George<br />

Lucas, 1977) e na versão do diretor <strong>de</strong> Bla<strong>de</strong> Runner: o caçador <strong>de</strong> androi<strong>de</strong>s (1992), em ambos os<br />

casos com o fim <strong>de</strong> resumir a situação inicial da história.<br />

A centralida<strong>de</strong> dos letreiros foi substituída na era sonora pela narração em voz over, ilustrada<br />

por imagens (não raro redundantes) daquilo que está sendo dito. Tal narração é, em geral, atribuída<br />

129

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!