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Estudos de Cinema e Audiovisual

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

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estúdios <strong>de</strong> Hollywood, reportou, para o governo norte-americano, o crescente interesse do governo<br />

brasileiro na promoção da indústria audiovisual local como uma ameaça aos princípios legais da TV e<br />

à liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha do consumidor (MPAA Annual Tra<strong>de</strong> Barrier Report, 2012).<br />

A Lei 12.485, publicada no Diário Oficial em setembro <strong>de</strong> 2011, tem três aspectos principais:<br />

(1) Abre o serviço <strong>de</strong> TV paga às companhias <strong>de</strong> telefonia móvel; (2) estabelece que, para cada três<br />

canais estrangeiros, os operadores ofereçam um canal nacional; (3) e estipula que os canais exibam,<br />

no horário qualificado, 3h30 por semana <strong>de</strong> conteúdo nacional feito por produtores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. De<br />

acordo com a Ancine, o objetivo da lei é criar condições a<strong>de</strong>quadas para que a indústria do<br />

audiovisual floresça.<br />

O que se vê, quatro anos após a aprovação da lei e três anos após a sua implantação é que<br />

a medida tornou-se um marco da relação entre cinema e TV e entre produção in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e canais<br />

comerciais, impactando fortemente o mercado. Em 2011, foram emitidos 1,9 mil Certificados <strong>de</strong><br />

Produto Brasileiro para filmes, seriados e programas na TV por assinatura; em 2013, esse número<br />

tinha saltado para 3,2 mil. Enquanto, em 2011, 73 obras seriadas brasileiras inéditas foram exibidas<br />

na TV paga, em 2014 foram 506 as estreias.<br />

Como a lei está em vigor apenas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2012, ainda não é possível medir,<br />

com rigor e precisão, seus reais efeitos. É possível, porém, assegurar, como indicam os dados<br />

citados no parágrafo anterior, que a medida já teve reais impactos sobre a indústria audiovisual<br />

brasileira. O que ela parece fazer é, ao contrário <strong>de</strong> suprimir a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha ou o fluxo <strong>de</strong><br />

informação, garanti-los. Números relativos à audiência mostram também que há produtos brasileiros<br />

entre os lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> audiência.<br />

Os produtos estrangeiros, por sua vez, não foram atingidos em sua possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

alcançar o público brasileiro. Como <strong>de</strong>monstra o estudo <strong>de</strong> BLUSTEIN (2009) sobre o GATT e a<br />

OMC, o mercado audiovisual norte-americano é menos vulnerável do que os argumentos públicos da<br />

MPAA tentam <strong>de</strong>monstrar. De acordo com BLUSTEIN, durante a Rodada Uruguai do GATT, o<br />

presi<strong>de</strong>nte Bill Clinton prometeu aos chefões <strong>de</strong> Hollywood que trataria a exceção cultural como<br />

assunto prioritário. Em 1993, Jack Valenti, presi<strong>de</strong>nte da MPAA, li<strong>de</strong>rou o pequeno exército que foi <strong>de</strong><br />

Hollywood a Genebra, <strong>de</strong>ixando claro o quanto a indústria <strong>de</strong> cinema norte-americana estava<br />

interessada no <strong>de</strong>bate. No entanto, uma noite antes da assinatura do maior acordo comercial da<br />

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