03.06.2016 Views

Estudos de Cinema e Audiovisual

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

filme falando <strong>de</strong> si mesmo (CRUZ, 2005). Interpretação corroborada por <strong>de</strong>poimento do cineasta no<br />

documentário As faces do cineasta gauche (2009), on<strong>de</strong> afirma ter sido Exposed o ápice <strong>de</strong> sua<br />

compulsão a se expor.<br />

Na mesma entrevista, Navarro trata sua experiência superoitista como “metáfora pessoal,<br />

escatológica, pirracenta, provocadora e anarquista”.<br />

Mas também sofrida, se observarmos uma<br />

sequência quase ao final <strong>de</strong> O rei do cagaço na qual sua voz off pergunta “quem é essa pessoa cuja<br />

dor se expressa com tanta ênfase? ”, enquanto a própria imagem aparece na tela.<br />

Esta apresentação breve dos primeiros filmes <strong>de</strong> Edgard Navarro preten<strong>de</strong> aproximá-los do<br />

que Jairo Ferreira <strong>de</strong>fine como “experimental” em <strong>Cinema</strong> <strong>de</strong> Invenção (1986). O experimental como<br />

projeto estético, marcado por invenção e ousadia, vivido intensamente em seu processo <strong>de</strong> criação.<br />

Ou ainda, o experimental como profecia <strong>de</strong> um cinema <strong>de</strong> olhos e ouvidos livres, cinema poema,<br />

antena, estética da luz.<br />

Nessa perspectiva, as realizações do jovem cineasta – ou do “Gran Cine Asta”, conforme os<br />

créditos dos três filmes estudados – estavam sintonizadas com o conceito <strong>de</strong> “cinema <strong>de</strong> invenção”,<br />

isto é, “um cinema interessado em novas formas para novas i<strong>de</strong>ias, novos processos narrativos para<br />

novas percepções que conduzam ao inesperado, explorando novas áreas da consciência, revelando<br />

novos horizontes do im/provável”. (FERREIRA, 1986, p. 27)<br />

Ao consi<strong>de</strong>ramos a participação <strong>de</strong> Edgard Navarro nas Jornadas <strong>de</strong> cinema da Bahia, nas<br />

quais exibiu seus filmes – e se exibiu – como artista experimental, fazendo a arte <strong>de</strong>slizar para a vida<br />

e vice-versa, ele po<strong>de</strong> ser exemplo <strong>de</strong> “in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte até dos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, marginal entre<br />

marginais, rebel<strong>de</strong> entre rebel<strong>de</strong>s”, nos termos pensados pelo “crítico <strong>de</strong> invenção” (FERREIRA,<br />

1986, p. 28).<br />

Jairo Ferreira não analisa nem menciona a filmografia <strong>de</strong> Edgard Navarro ao longo do livro,<br />

embora o inclua entre os 65 nomes <strong>de</strong> sua Pequena Galeria <strong>de</strong> Talentos em Rotação, com a seguinte<br />

nota – “Gênio: O rei do cagaço/77 (<strong>de</strong>poimento em meu longa O Insigne Ficante), Alice/78 (sic),<br />

Exposed /78. Curta 35 premiado em Brasília 85: Porta <strong>de</strong> Fogo. Longas em projeto” (FERREIRA,<br />

1986, p. 206).<br />

214

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!