03.06.2016 Views

Estudos de Cinema e Audiovisual

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

sua vez, havia esboçado um perfil peculiar <strong>de</strong> Mickey como um herói que “atua <strong>de</strong> baixo para cima”,<br />

uma “figura humil<strong>de</strong> que protege os infelizes e que se encontrando sempre num estado angustioso <strong>de</strong><br />

inferiorida<strong>de</strong> só consegue se colocar em segurança por meios absolutamente inesperados”, que<br />

excitam a hilarida<strong>de</strong> do público. Dotado <strong>de</strong> um substrato profundamente humano, que se manifesta<br />

no “espírito <strong>de</strong> sacrifício e <strong>de</strong> perdão”, Mickey refletia a personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Disney, “pessoa<br />

excepcionalmente sensível e com um complexo ‘revolucionário’ que encontra sublimação nas<br />

passagens angustiosas do sonho e da ‘vigia sonhadora’”. As “situações angustiosas <strong>de</strong> inferiorida<strong>de</strong>”<br />

experimentadas pelo camundongo o irmanam às massas e às elites intelectuais e aristocráticas. As<br />

primeiras “sentem o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> uma vingança ancestral contra os gran<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>rosos”; as segundas<br />

respon<strong>de</strong>m a “um ímpeto <strong>de</strong> masoquismo que por sinal se confun<strong>de</strong> com a i<strong>de</strong>ia geral <strong>de</strong> suicídio que<br />

tanto interessa e afeta a inteligência que é frequentemente egocentrista”.<br />

Ao promover um <strong>de</strong>bate multidisciplinar, Clima nada mais faz do que <strong>de</strong>monstrar sua<br />

abertura em relação a um gênero cinematográfico consi<strong>de</strong>rado menor, ao qual confere o estatuto <strong>de</strong><br />

arte sem adjetivos, não obstante as limitações apontadas e a crítica mordaz a alguns segmentos mais<br />

discutíveis.<br />

Referências<br />

ALMEIDA, A. S. Fantasia. Clima, São Paulo, n. 5, out. 1941.<br />

ALMEIDA SALLES. Nota sobre “Fantasia”. Clima, São Paulo, n. 5, out. 1941.<br />

CARVALHO, Flávio <strong>de</strong>. Um herói internacional. Vanitas, São Paulo, n. 55, jan. 1936.<br />

COELHO, R. Fantasia e a estética. Clima, São Paulo, n. 5, out. 1941.<br />

LEFÈVRE, A. Branco. A esperança Fantasia. Clima, São Paulo, n. 5, out. 1941.<br />

MACHADO, L. Gomes. Duas afirmações para a salvação <strong>de</strong> Disney. Clima, São Paulo, n. 5, out.<br />

1941.<br />

MILLIET, S. Ensaios. São Paulo: Soc. Imprensa Brasileira – Brusco & Cia., 1938.<br />

MILLIET, S. A propósito <strong>de</strong> Fantasia. Clima, São Paulo, n. 5, out. 1941.<br />

PAULO EMÍLIO. Contra Fantasia. Clima, São Paulo, n. 5, out. 1941.<br />

72

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!