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Estudos de Cinema e Audiovisual

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

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ví<strong>de</strong>o e da informática, e também àquelas experiências híbridas no âmbito do teatro, da pintura e da<br />

música. O computador começa a ser utilizado como meio expressivo.<br />

Tais imagens da pós-metrópole resultantes <strong>de</strong>ssas experiências e construções estéticas,<br />

associam-se à captação e à vivência do ‘instante’ que caracteriza a expansão dos centros urbanos<br />

que foram há algum tempo associados à vida mo<strong>de</strong>rna. É certamente assim, que o sujeito e os<br />

grupos vivem, relacionam-se e realizam-se em um ambiente social artificialmente produzido por eles<br />

mesmos, a pós-metrópole, e on<strong>de</strong> são dominados pelo aspecto tecnológico-comunicacional da<br />

existência.<br />

Na verda<strong>de</strong>, as pós-metrópoles são espaços da experiência da “cenarização do mundo”<br />

(Rocha, 2008) nos quais as imagens provocam uma aproximação impactante entre espaço vivido e<br />

espaço visto, entre “presencialida<strong>de</strong> e mediação”. Vivemos, literalmente, na profusão e no limite do<br />

olhar, que nos conduz a um estado ininterrupto no qual “imaginamos ver o real e o que vemos é sua<br />

encenação; pensamos <strong>de</strong>sfrutar <strong>de</strong> um teatro, quando na verda<strong>de</strong>, o que se vê é real; em outros<br />

casos, gostaríamos que o real fosse uma encenação”. (Rocha, 2008, p.92).<br />

Uma das proclamações <strong>de</strong> Paul Virilio (1993), ao discorrer sobre a planificação do tempo nas<br />

socieda<strong>de</strong>s tecnológicas, é a <strong>de</strong> que se é possível falar <strong>de</strong> crise hoje em dia, esta é, antes <strong>de</strong> mais<br />

nada, a crise das referências (éticas, estéticas), contida e provocada pela incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliar os<br />

acontecimentos em um meio em que as aparências estão contra nós. Se nos remetermos a essa<br />

opinião, o que se observa é uma superexposição do espaço urbano a “protocolos <strong>de</strong> acesso<br />

telemáticos”, com a transmutação da forma urbana. Esse, portanto, é um campo híbrido, que se<br />

constrói nos interstícios da narrativa e da factualida<strong>de</strong>.<br />

Explorando a interface e articulação dos textos fílmicos com os textos urbanos, encontramos<br />

o imperativo da visibilida<strong>de</strong> que, atualmente, é profundamente midiático. Nas cida<strong>de</strong>s fílmicas,<br />

homens e mulheres vivem sua vida em acordo com a ‘estetização da realida<strong>de</strong>’, o virtual po<strong>de</strong> ser<br />

analisado como meio em si <strong>de</strong> sedução e interpelação e a mídia como esfera pública e privada, ou<br />

melhor, como espaço público virtual <strong>de</strong> apresentação em seriados, a um só tempo ficcionais e reais.<br />

Assim, po<strong>de</strong>mos remeter ao que Jameson vislumbra como manifestação <strong>de</strong> um novo domínio da<br />

realida<strong>de</strong> das imagens, relacionando-o a modificações profundas na esfera pública.<br />

As cida<strong>de</strong>s fílmicas são percebidas, concebidas e marcadas por dinâmicas da velocida<strong>de</strong> e<br />

da exclusão, alimentando um imaginário urbano povoado por multidões que promovem a<br />

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