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Estudos de Cinema e Audiovisual

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

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Os "testemunhos não escritos" não estão presentes <strong>de</strong> maneira tão explícita em Depois da<br />

vida quanto em Seguindo em frente, contudo eles estão vigentes, pois toda a memória que é<br />

relembrada é o registro do termo utilizado por Ricoeur. Porém, para alguns personagens, as ligações<br />

afetivas são criadas pelos objetos com os quais têm contato. Por exemplo, a Sra. Nishimura e o Sr.<br />

Watanabe.<br />

Enquanto que para os guias, talvez as suas ferramentas <strong>de</strong> trabalho, os livros com<br />

informações que eles escrevem sobre os mortos, são os que têm mais contato, além <strong>de</strong> alguns itens<br />

pessoais que são mostrados <strong>de</strong> modo mais <strong>de</strong>talhado, como a fotografia <strong>de</strong> Kawashima.<br />

As memórias aparecem em Depois da vida para servirem como resoluções aos<br />

<strong>de</strong>sassossegos dos recém-mortos, que acabam por aparar certas arestas com o passado. Sabemos<br />

informações sobre algumas passagens das vidas <strong>de</strong> alguns recém-mortos, já que as suas memórias<br />

são as que têm <strong>de</strong>staque, mas isto não impe<strong>de</strong> que não tenhamos conhecimentos das dos<br />

funcionários também. Em Seguindo em frente, apresentam-se como fatos que remetem à morte (do<br />

filho), conflitos e <strong>de</strong>sejos não realizados, e permanecem gerando atritos que ecoam no período<br />

diegético do enredo.<br />

Para apresentar esses assuntos nos longas-metragens, Koreeda faz pouco uso do flashback<br />

em Depois da vida, e nenhum em Seguindo em frente, sendo que neste, as memórias e o cotidiano<br />

aparecem por meio <strong>de</strong> diálogos, além <strong>de</strong> serem notados nos cenários da residência familiar, e objetos<br />

cenográficos. Enquanto que em Depois da vida, os personagens e público acessam o passado dos<br />

mortos através <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>poimentos, das fitas da vida do Sr. Watanabe, e dos registros que os<br />

funcionários escrevem.<br />

Referências<br />

BACHELARD, G. A poética do espaço. São Paulo: Martins Editora, 2008.<br />

CALIL, C. O tofu <strong>de</strong> Ozu. Disponível em: .<br />

Acesso em: 15/09/2015.<br />

CERTEAU, M. A invenção do cotidiano 1-Artes <strong>de</strong> Fazer. Petrópolis: Ed. Vozes, 2014.<br />

CERTEAU, M; GIARD, L.; MAYOL, P. A invenção do cotidiano 2-morar, cozinhar. Petrópolis: Ed.<br />

Vozes, 2013.<br />

HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo: Edições Vértice, 1990.<br />

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