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Estudos de Cinema e Audiovisual

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

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A questão<br />

O conceito <strong>de</strong> cinema colaborativo adotado vai <strong>de</strong> encontro a facilida<strong>de</strong> e motivação dos<br />

alunos, afinal, eles dominam o mecanismo das ferramentas, o conhecimento dos aplicativos e as<br />

possibilida<strong>de</strong>s que a internet oferece. Desta forma, recorreram a blogs, wikis, fóruns <strong>de</strong> discussão,<br />

re<strong>de</strong>s sociais, uploads <strong>de</strong> imagens, sons e textos, entre outras maneiras <strong>de</strong> transitar no mundo digital.<br />

Desta forma, o exercício abriu um leque <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> buscas, recursos e interfaces. Esse tipo<br />

<strong>de</strong> experiência transmidiática, exige que o indivíduo elabore estratégias para estar presente nas<br />

re<strong>de</strong>s, entre as quais se inclui a tentativa <strong>de</strong> se vincular aos outros para dar coesão à sua<br />

experiência. (SIBILIA, 2012, p.76) Ou seja, não basta estar conectado, é fundamental estar em re<strong>de</strong>:<br />

em conexão com um grupo <strong>de</strong> pessoas, interagindo ao modo <strong>de</strong> constelações, que se articulam e se<br />

<strong>de</strong>sfazem intermitentemente. Segundo, Augusto <strong>de</strong> Franco, numa re<strong>de</strong> não existe uma mesma<br />

realida<strong>de</strong> para todos: “são muitos os mundos. Tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> como cada um se move, dos<br />

emaranhamentos que se tramam, das configurações que se formam e interagem infinitamente.” (DE<br />

FRANCO)<br />

Nesse contexto, vale sublinhar que o trabalho colaborativo traz à tona um dos traços mais<br />

marcantes da geração que nasceu em meados dos anos 1990, os chamados nativos digitais, termo<br />

cunhado pelo norte-americano Marc Prensky. Para os alunos que participavam da experiência, a<br />

interferência e utilização <strong>de</strong> originais encontrados na web são práticas comuns na (re)criação <strong>de</strong> seus<br />

trabalhos. Esta característica é <strong>de</strong> tal forma acentuada que convencionou-se chama-los <strong>de</strong> geração<br />

remix. Ou seja, para os jovens que cresceram dominando os jogos <strong>de</strong> computador, os dispositivos<br />

móveis, as mensagens instantâneas, todo conteúdo encontrado na internet po<strong>de</strong> ser compartilhado,<br />

transformado ou editado. Mesmos imagens, sons ou textos previamente conhecidos e protegidos por<br />

direitos autorais são suscetíveis a reciclagem. Sendo assim, materiais audiovisuais encontrados na<br />

re<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser ressignificados, conforme fizeram as vanguardas das artes visuais bem antes da<br />

internet, tanto no âmbito da pintura como no do cinema, no início do século passado. Ao criticarem os<br />

excessos da indústria cultural com o recurso da collage, as vanguardas rompiam, naquele momento,<br />

com a noção <strong>de</strong> autoria e originalida<strong>de</strong>. O movimento <strong>de</strong> collage praticado por Braque, Picasso, Man<br />

Ray e até por Vertov, teve o intuito <strong>de</strong> <strong>de</strong>sestabilizar signos, símbolos e representações da cultura <strong>de</strong><br />

massas. (MONTEIRO, 2014, p. 64)<br />

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