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Estudos de Cinema e Audiovisual

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

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1953 já contabilizava 15 milhões <strong>de</strong> aparelhos nos EUA. Era o american way of life, ou seja, a<br />

maneira americana <strong>de</strong> viver.<br />

Nos filmes <strong>de</strong> ficção científica dos anos 1950, as mulheres eram, em geral, fiéis<br />

companheiras ou interesses românticos dos heróis, apresentadas como personagens secundárias à<br />

trama, e, ainda que participassem ativamente das ações dos heróis, tornam-se espectadoras<br />

enquanto os homens protagonizam a salvação do mundo.<br />

As mulheres precisam dos homens<br />

Filmes como Cat-Women of the Moon (1953), <strong>de</strong> Arthur Hilton, e Rebelião dos Planetas<br />

(Queen of Outer Space, 1958), <strong>de</strong> Edward Bernds, dão às mulheres a li<strong>de</strong>rança <strong>de</strong> uma civilização.<br />

Ambos os filmes mostram socieda<strong>de</strong>s planetárias feitas exclusivamente por mulheres - no primeiro,<br />

lunares; no segundo, venusianas. A trama é similar: astronautas terráqueos são guiados por forças<br />

estranhas para um <strong>de</strong>terminado ponto espacial, on<strong>de</strong> entram em confronto com a civilização local.<br />

As mulheres em tais filmes são extremamente sensuais e erotizadas, em completo controle<br />

<strong>de</strong> seus corpos e mentes. Essas mulheres in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes são agressivas, amargas e falsas. Em Cat-<br />

Women of the Moon, elas <strong>de</strong>monstram uma capacida<strong>de</strong> impressionante <strong>de</strong> convencimento,<br />

influenciando mulheres fracas – é assim que guiaram a astronauta Helen Salinger (Marie Windsor)<br />

até o satélite, convertendo-a e dominando-a (exceto quando ela está nos braços <strong>de</strong> um homem). Em<br />

Rebelião dos Planetas, em que a caracterização negativa é enfatizada, a rainha Yllana (Laurie<br />

Mitchell), acima <strong>de</strong> tudo, é histérica, paranoica e ditadora. A moral dos filmes é que tais mulheres só<br />

encontram salvação no homem. Deixarão <strong>de</strong> ser amarguradas quando se submeterem aos homens e<br />

à i<strong>de</strong>ia do american way of life. O matrimônio e o futuro enquanto esposas obedientes é o caminho.<br />

Em Rebelião dos Planetas, Talleah (Zsa Zsa Gabor) e um grupo <strong>de</strong> mulheres não gostam do<br />

regime <strong>de</strong> Yllana. Elas prezam o amor e o carinho <strong>de</strong> um homem, assim como a manutenção <strong>de</strong> um<br />

sistema patriarcal, calcado no american way of life. O diálogo <strong>de</strong> embate entre essas duas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong><br />

mulheres evi<strong>de</strong>ncia o confronto.<br />

Yllana – Traidores! Sabem o que [esse sequestro] significa?<br />

Talleah – Liberda<strong>de</strong> para nosso povo.<br />

Cap. Neal Patterson – Essas mulheres não estão sozinhas. Há milhares<br />

<strong>de</strong>las <strong>de</strong>sesperadas pela antiga or<strong>de</strong>m. E agora terão!<br />

Yllana – E é assim que me agra<strong>de</strong>cem? Eu mantive a paz.<br />

Prof. Konrad – Paz não é o suficiente, elas <strong>de</strong>vem ser felizes.<br />

Talleah – Mulheres não po<strong>de</strong>m ser felizes sem homens.<br />

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