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Estudos de Cinema e Audiovisual

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

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Em 1926, Luiz <strong>de</strong> Barros montou sua própria companhia <strong>de</strong> teatro <strong>de</strong> revista, a Ra-ta-plan,<br />

que evocava na sonorida<strong>de</strong> do nome a companhia francesa Ba-ta-clan, uma das principais<br />

referências para o tipo <strong>de</strong> espetáculo que pretendia realizar, com ênfase nos bailados e no luxo dos<br />

cenários e figurinos. As revistas da Ra-ta-plan apresentavam poucos, mas longos, esquetes. Nesses<br />

esquetes era bastante recorrente o tema do adultério, tanto do homem quanto da mulher, abordados<br />

<strong>de</strong> maneira cômica e que resultavam em situações <strong>de</strong> confusão, mas quase sempre sem nenhuma<br />

consequência para quem o cometia. O fato da mulher casada ter um amante era apresentado como<br />

uma característica da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Luiz <strong>de</strong> Barros trabalha com uma história semelhante no filme<br />

Tereré não resolve (Luiz <strong>de</strong> Barros, 1938), em que duas amigas (Maria Amaro e Lygia Sarmento),<br />

duvidando da fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> dos maridos (Oscar Soares e Rodolpho Mayer), <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m pregar-lhes uma<br />

peça. Para tanto enviam bilhetes anônimos convidando-os para um baile <strong>de</strong> carnaval. As duas<br />

mulheres e a empregada (Ana <strong>de</strong> Alencar) vão ao baile mascaradas e vestidas com fantasias<br />

idênticas. Instaura-se a confusão <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> casais, que termina com tudo se esclarecendo. A figura<br />

do criado e da empregada eram comuns nas cenas <strong>de</strong> adultério no teatro <strong>de</strong> revista.<br />

Outro tipo <strong>de</strong> cenário bastante explorado nas revistas da Ra-ta-plan eram as lojas <strong>de</strong><br />

comerciantes portugueses, com empregados folgados e mulatas que sempre se aproveitavam do<br />

português. As revistas da Ra-ta-plan normalmente não possuíam nenhuma ligação entre os quadros.<br />

Muitas cenas eram reaproveitadas em outras revistas, e alguns espetáculos eram compilações <strong>de</strong><br />

quadros apresentados em revistas anteriores, o que reitera a sua característica <strong>de</strong> fragmentação.<br />

Entre as revistas da Ra-ta-plan vale <strong>de</strong>stacar Só...risos, estreada em 3 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1927 e<br />

organizada por Luiz <strong>de</strong> Barros. Nessa peça era representado o esquete “O antepassado pirata”,<br />

baseado na comédia teatral O tataravô, <strong>de</strong> Gilberto <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>. Nela um pai <strong>de</strong> família <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> trazer<br />

<strong>de</strong> volta a vida seu tataravô que morreu quando ainda era jovem. Porém, o tataravô é um mulherengo<br />

que dá em cima <strong>de</strong> todas as mulheres da casa e quer se casar com a filha do tataraneto, causando<br />

uma gran<strong>de</strong> confusão. A peça já havia sido encenada no ano anterior no <strong>Cinema</strong> O<strong>de</strong>on, com direção<br />

do próprio Luiz <strong>de</strong> Barros e antece<strong>de</strong>ndo a exibição <strong>de</strong> um filme. Barros ainda adaptaria a história<br />

para o cinema em O jovem tataravô (1936) e, novamente, em Um pirata do outro mundo (1957).<br />

Revistas carnavalescas dos anos 1940<br />

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