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Estudos de Cinema e Audiovisual

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

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Ainda que a produtora Maria Farinha Filmes tenha produzido outros filmes além daqueles que<br />

levam o selo do Instituto Alana, inclusive <strong>de</strong> ficção, é inquestionável o êxito e a visibilida<strong>de</strong> dos<br />

documentários do Alana lançados até agora pela produtora. Em 2014, a Maria Farinha lançou um Box<br />

<strong>de</strong>nominado Caixa <strong>de</strong> Mudança, com os três primeiros documentários do Instituto Alana: Criança, a<br />

alma do negócio, <strong>de</strong> 2008 e Muito Além do Peso, <strong>de</strong> 2012 - ambos dirigidos por Estela Renner -, e<br />

Tarja Branca, <strong>de</strong> 2014, dirigido por Cacau Rho<strong>de</strong>n.<br />

Essas produções configuram o que se concebe como documentário institucional. Ainda que<br />

se consiga i<strong>de</strong>ntificar sem gran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s que esses filmes se tratam <strong>de</strong> documentários<br />

institucionais, é difícil estabelecer um conceito <strong>de</strong> documentário institucional universal, que abarque<br />

um universo tão gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> experiências. A <strong>de</strong>nominação funciona, normalmente, para se referir a<br />

uma relação particular que filmes tenham com a entida<strong>de</strong> financiadora da produção.<br />

Por conta disso, usualmente se presume que o documentário institucional esteja limitado<br />

pelas intenções e visões da instituição a que se relacionam. Bill Nichols menciona uma “imposição <strong>de</strong><br />

uma maneira institucional <strong>de</strong> ver e falar” presente no documentário (2005, p.51). Isso porque, ao<br />

consi<strong>de</strong>rar a estrutura do documentário, Nichols estabelece quatro pilares: a instituição, o realizador,<br />

o texto e o público (Op. cit.,p. 49). Essa estrutura reflete o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> documentário clássico,<br />

claramente. No entanto, ao pensarmos esse pilar instituição que o autor isola, percebemos que ele dá<br />

conta, ao mesmo tempo, <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> fatores envolvidos na feitura <strong>de</strong> um documentário, para<br />

além da figura do diretor, estabelecendo uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações entre as pessoas e entida<strong>de</strong>s<br />

envolvidas, direta ou indiretamente, na ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização.<br />

Como consequência <strong>de</strong>ssa relação com o mo<strong>de</strong>lo clássico, o documentário institucional está<br />

bastante <strong>de</strong>limitado por esse exemplo também no que diz respeito à forma. Fernão Pessoa Ramos<br />

afirma, ao discutir as <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> documentário, como é possível reconhecer <strong>de</strong> forma clara e<br />

inconfundível um documentário institucional pela associação do conteúdo e da forma, geralmente<br />

uma narrativa documentária com “viés autoral reduzido” (2008, p.64).<br />

Essa associação do documentário institucional com o mo<strong>de</strong>lo clássico também po<strong>de</strong> ser<br />

compreendida se levarmos em consi<strong>de</strong>ração que o próprio termo documentário surge como<br />

institucional, com Grierson. Inclusive, ousamos dizer que o documentário griersoniano encontrou um<br />

azeitamento i<strong>de</strong>al dos conceitos <strong>de</strong> educativo, institucional, social e <strong>de</strong> propaganda, no qual gran<strong>de</strong><br />

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