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Estudos de Cinema e Audiovisual

AnaisDeTextosCompletos(XIX)

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fun<strong>de</strong> o montador, com o diretor e com um arquivo audiovisual opera como um performer da imagem<br />

e do som uma sequencia <strong>de</strong> movimentos. Laura Marks pensando a relação entre imagem e memória<br />

compreen<strong>de</strong> que “movimentos através do espaço e do tempo po<strong>de</strong>m ser lidos na imagem [...] <strong>de</strong> um<br />

tipo particular <strong>de</strong> imagem-recordação, que no meio aqui objeto-recordação: um objeto<br />

irredutivelmente material que codifica memória coletiva” (MARKS, 2010, p. 309-310).<br />

Godard, aquele que diz que o cinema no final das contas é uma questão da memória mescla<br />

imagens da re<strong>de</strong>, <strong>de</strong> seus próprios filmes, balbucia que o “que vai se ver já se foi” em contraponto ao<br />

rebanho <strong>de</strong> cineastas e seu <strong>de</strong>sconforto diante <strong>de</strong>sses. Como um performer retoma sua leitura <strong>de</strong><br />

Hannah Arendt com a filósofa projetada ao fundo e atua como um performer reinterpretando <strong>de</strong> certa<br />

forma seus filmes numa metáfora <strong>de</strong> presente, passado e futuro usando a repetição própria dos<br />

filmes <strong>de</strong> arquivo. Brada que não mais faz filmes, mas faz o seu melhor e engata uma sequencia<br />

vertiginosa <strong>de</strong> imagens e sons, uma valsa mesclada com a repetição do erro <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> que o<br />

cinema não aberto a experimentação parece trazer. “Os filmes no youtube funcionam da mesma<br />

maneira que as atracções... solicitam avidamente a atenção visual do espectador e fazem da<br />

satisfarão <strong>de</strong>ssa curiosida<strong>de</strong> uma fonte <strong>de</strong> prazer” (Baptista, 2010, p.151). Como parece ser a<br />

proposta <strong>de</strong> Godard “ao contrário do arquivo tradicional “não existe uma classificação nem uma<br />

hierarquização centralizada dos objectos (Id., Ibid., p.153), mas sim talvez história(s) do cinema na<br />

re<strong>de</strong>, em re<strong>de</strong>, por re<strong>de</strong>s...<br />

Consi<strong>de</strong>rações finais<br />

Se “a terminologia arquivística, no entanto ainda carrega noções gramatocêntricas <strong>de</strong><br />

armazenamento <strong>de</strong> dados, enquanto as memórias da imagem e do som não <strong>de</strong>vem ser mais<br />

assujeitadas a uma unimídia, recuperação baseada em texto” (ERNST, 2013, p. 134), trabalhos <strong>de</strong><br />

performers <strong>de</strong> live cinema parecem-nos ser uma forma <strong>de</strong> arquivar o cinema em sua essência. Em<br />

1964, McLuhan parecia antever fenômenos como o live cinema em sua vocação informacional e<br />

arquivística:<br />

Em termos <strong>de</strong> estudo dos meios, torna-se patente que o po<strong>de</strong>r do cinema<br />

em armazenar informação sob forma acessível não sofre concorrência. A<br />

fita gravada e o ví<strong>de</strong>o-tape viriam a superar o filme como armazenamento<br />

<strong>de</strong> informação, mas o filme continua a ser uma fonte informacional [...] logo<br />

mais, atingirá a fase portátil e acessível do livro impresso. Todo mundo<br />

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