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nuvem pode colapsar e permitir que se inicie de fato a formação de uma<br />
estrela.<br />
O que acontece dentro de uma nuvem para que seu colapso se<br />
transforme em estrelas recém-nascidas? Os astrofísicos só conseguem<br />
gesticular. Por maior que seja seu desejo de rastrear a dinâmica interna de<br />
uma grande e massiva nuvem interestelar, ainda se encontra fora do alcance<br />
de nossa capacidade a criação de um modelo de computador que inclua as<br />
leis da física, todas as influências internas e externas sobre a nuvem, e todas<br />
as reações químicas relevantes que podem ocorrer dentro dela. Outro desafio<br />
reside no fato humilhante de que a nuvem original tem um tamanho bilhões<br />
de vezes maior que o da estrela que estamos tentando criar – a qual, por sua<br />
vez, tem uma densidade igual a 100 sextilhões de vezes a densidade média<br />
dentro da nuvem. Nessas situações, o mais importante numa escala de<br />
tamanhos talvez não seja o que deveria nos preocupar em outra.<br />
Ainda assim, baseados no que vemos por todo o cosmos, podemos afirmar<br />
com segurança que, dentro das regiões mais profundas, mais escuras e mais<br />
densas de uma nuvem interestelar, onde as temperaturas caem a cerca de<br />
10 graus acima do zero absoluto, a gravidade faz realmente com que bolsas<br />
de gás colapsem, superando facilmente a resistência oferecida pelos campos<br />
magnéticos e outros impedimentos. A contração converte a energia<br />
gravitacional das bolsas da nuvem em calor. A temperatura dentro de cada<br />
uma dessas regiões – prestes a se tornar o núcleo de uma estrela recémnascida<br />
– eleva-se rapidamente durante o colapso, rompendo todos os grãos<br />
de poeira na vizinhança imediata quando eles colidem. Por fim, a<br />
temperatura na região central da bolsa de gás em colapso atinge o valor<br />
crucial de 10 milhões de graus na escala absoluta.<br />
Nessa temperatura mágica, alguns dos prótons (que são simplesmente<br />
átomos de hidrogênio nus, privados do elétron que os orbita) se movem com<br />
rapidez suficiente para superar sua repulsão mútua. Suas altas velocidades<br />
permitem que os prótons cheguem suficientemente perto uns dos outros<br />
para que a “força nuclear forte” os una. Essa força, que só opera a distâncias<br />
extremamente pequenas, liga os prótons e os nêutrons em todos os núcleos. A<br />
fusão termonuclear de prótons – “termo” porque ocorre em altas<br />
temperaturas, e “fusão nuclear” porque funde as partículas num único<br />
núcleo – cria os núcleos de hélio, cada um dos quais tem uma massa<br />
ligeiramente menor que a soma das partículas a partir das quais se fundiu. A<br />
massa que desaparece durante essa fusão se transforma em energia, num<br />
equilíbrio descrito pela famosa equação de Einstein. A energia incorporada na<br />
massa (sempre numa quantidade igual à massa vezes o quadrado da<br />
velocidade da luz) pode ser convertida em outras formas de energia, como a<br />
energia cinética adicional (energia do movimento) das partículas velozes que<br />
emergem das reações da fusão nuclear.<br />
Quando a nova energia produzida pela fusão nuclear se difunde para o<br />
exterior, o gás aquece e brilha. Então, na superfície da estrela, a energia antes<br />
trancada em núcleos individuais escapa para o espaço sob a forma de fótons,