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galáxias. Portanto, o aglomerado deveria se dispersar velozmente, mal e mal<br />

deixando um vestígio de sua existência de colmeia, depois que apenas<br />

algumas centenas de milhões de anos, talvez um bilhão, tivessem se passado.<br />

Mas o aglomerado tem mais de 10 bilhões de anos, é quase tão velho quanto<br />

o próprio universo. E assim nasceu o que continua a ser o mistério mais<br />

duradouro da astronomia.<br />

Ao longo das décadas que se seguiram ao trabalho de Zwicky, outros<br />

aglomerados de galáxias revelaram o mesmo problema. Assim não se podia<br />

culpar Coma por ser estranha. Então em quem deveríamos pôr a culpa? Em<br />

Newton? Não, suas teorias tinham sido examinadas por 250 anos e<br />

aprovadas em todos os testes. Einstein? Não. A gravidade formidável dos<br />

aglomerados de galáxias não se torna tão alta a ponto de requerer a<br />

ferramenta plena da teoria da relatividade geral de Einstein, que existia há<br />

apenas duas décadas quando Zwicky fez sua pesquisa. Talvez a “massa<br />

ausente” necessária para unir as galáxias do aglomerado de Coma realmente<br />

exista, mas de alguma forma invisível, desconhecida. Por algum tempo, os<br />

astrônomos deram ao problema da massa ausente o nome de o “problema da<br />

luz ausente”, pois a massa tinha sido fortemente inferida a partir do excesso<br />

de gravidade. Hoje, com melhores determinações das massas dos<br />

aglomerados de galáxias, os astrônomos usam o apelido “matéria escura”,<br />

embora “gravidade escura” fosse mais preciso.<br />

O problema da matéria escura ergueu sua cabeça invisível uma segunda vez.<br />

Em 1976, Vera Rubin, uma astrofísica do Carnegie Institution de<br />

Washington, descobriu uma “massa ausente” semelhante anomalamente<br />

dentro das próprias galáxias espirais. Ao estudar as velocidades com que as<br />

estrelas orbitam seus centros da galáxia, Rubin primeiro descobriu o que ela<br />

esperava: dentro do disco visível de cada galáxia, as estrelas mais distantes do<br />

centro se movem a velocidades maiores do que as estrelas perto do miolo. As<br />

estrelas mais afastadas têm mais matéria (estrelas e gases) entre elas próprias<br />

e o centro da galáxia, requerendo velocidades mais elevadas para sustentar<br />

suas órbitas. Para além do disco luminoso da galáxia, entretanto, ainda<br />

podemos encontrar algumas nuvens de gás isoladas e umas poucas estrelas<br />

brilhantes. Usando esses objetos como traçadores do campo de gravidade<br />

“fora” da galáxia, onde a matéria visível já não contribui para o total, Rubin<br />

descobriu que suas velocidades orbitais, que deveriam ter caído com a<br />

distância crescente lá fora em lugar nenhum, de fato continuavam altas.<br />

Esses volumes de espaço em grande parte vazios – as regiões rurais de<br />

cada galáxia – contêm muito pouca matéria visível para explicar as<br />

velocidades orbitais dos traçadores. Rubin raciocinou corretamente que<br />

alguma forma de matéria escura deveria estar nessas regiões afastadas, bem<br />

além da beirada visível de cada galáxia espiral. Na verdade, a matéria escura<br />

forma uma espécie de halo ao redor de toda a galáxia.<br />

Esse problema do halo existe debaixo de nossos narizes, bem em nossa<br />

própria galáxia da Via Láctea. De galáxia a galáxia e de aglomerado a

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