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mais dignas do tempo real do instrumento, julgou que tal observação não<br />

merecia apoio. Afinal, a região a ser estudada foi deliberadamente escolhida<br />

por não ter nada de interessante a ser visto, e assim representar um trecho<br />

do céu monótono e aborrecido. Como resultado, nenhum projeto em<br />

andamento poderia se beneficiar diretamente desse grande<br />

comprometimento do tempo de observação altamente solicitado do<br />

telescópio. Felizmente, Williams, como diretor do Instituto Científico do<br />

Telescópio Espacial, tinha o direito de designar uma pequena porcentagem<br />

do total do tempo – seu “tempo discricionário de diretor” – e investiu seu<br />

poder de influência no que se tornou conhecido como o Campo Profundo do<br />

Hubble, uma das mais famosas fotografias astronômicas já tiradas.<br />

A exposição de dez dias, feita coincidentemente durante a paralisação do<br />

governo em 1995, produziu de longe a imagem mais pesquisada na história<br />

da astronomia. Salpicada de galáxias e objetos semelhantes a galáxias, o<br />

campo profundo nos oferece um palimpsesto cósmico, no qual objetos a<br />

distâncias diferentes da Via Láctea escreveram suas assinaturas<br />

momentâneas de luz em tempos diferentes. Vemos objetos no campo<br />

profundo como eles eram, digamos, há 1,3 bilhão, 3,6 bilhões, 5,7 bilhões ou<br />

8,2 bilhões de anos, com a época de cada objeto determinada pela sua<br />

distância de nós. Centenas de astrônomos se apoderaram da riqueza dos<br />

dados contidos nessa única imagem para deduzir novas informações sobre<br />

como as galáxias evoluíram com o tempo, e sobre como as galáxias pareciam<br />

ser logo depois de se formarem. Em 1998, o telescópio obteve uma imagem<br />

associada, o Campo Profundo Sul do Hubble, dedicando dez dias de<br />

observação a outro trecho do céu na direção oposta à do primeiro campo<br />

profundo, no hemisfério celeste sul. A comparação das duas imagens<br />

permitiu que os astrônomos se assegurassem de que os resultados do primeiro<br />

campo profundo não representavam uma anomalia (por exemplo, se as duas<br />

imagens tivessem sido idênticas em todos os detalhes, ou estatisticamente<br />

diferentes uma da outra sob todos os aspectos, teria sido possível concluir que<br />

o diabo estava fazendo das suas), e refinassem suas conclusões sobre como se<br />

formam tipos diferentes de galáxias. Depois de uma missão de manutenção<br />

bem-sucedida, na qual o Telescópio Hubble foi equipado com detectores<br />

ainda melhores (mais sensíveis), o Instituto Científico do Telescópio Espacial<br />

simplesmente não resistiu e, em 2004, autorizou o Campo Ultraprofundo do<br />

Hubble, revelando o cosmos cada vez mais distante.<br />

Infelizmente, os primeiros estágios da formação das galáxias, que nos<br />

seriam revelados por objetos nas maiores distâncias, frustram até os melhores<br />

esforços do Telescópio Hubble, mesmo porque a expansão cósmica deslocou a<br />

maioria de sua radiação para a região infravermelha do espectro, não<br />

acessível aos instrumentos do telescópio. Para essas galáxias mais distantes, os<br />

astrônomos aguardam o projeto, a construção, o lançamento e a operação<br />

bem-sucedida do sucessor do Hubble, O Telescópio Espacial James Webb<br />

(JWST), que recebeu o nome do chefe da NASA durante a era Apollo. (Os<br />

cínicos dizem que foi escolhido esse nome, em vez de outro que honrasse um

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