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Essas supernovas ocorrem por causa da propriedade especial dos núcleos de<br />

ferro – sua recusa a se fundir ou a se dividir sem uma entrada de energia.<br />

Ao descrever o hidrogênio, o hélio; o lítio, o berílio e o boro; o carbono, o<br />

nitrogênio e o oxigênio; e o alumínio, o titânio e o ferro, examinamos quase<br />

todos os elementos-chave que fazem girar o cosmos – e a vida sobre a Terra.<br />

Simplesmente como um passatempo cósmico, vamos dar uma olhada<br />

rápida em algumas entradas muito mais obscuras na tabela periódica. Nunca<br />

teremos, com quase toda certeza, quantidades significativas desses<br />

elementos, mas os cientistas não os consideram apenas variações intrigantes<br />

na rica abundância da natureza, mas também altamente úteis em<br />

circunstâncias especiais. Consideremos, por exemplo, o metal mole gálio<br />

(trinta e um prótons por núcleo). O gálio tem um ponto de fusão tão baixo<br />

que o calor da mão humana fará com que se liquefaça. À parte essa<br />

oportunidade de fazer uma demonstração no salão, o gálio fornece aos<br />

astrofísicos o ingrediente ativo no cloreto de gálio, uma variante do sal de<br />

cozinha (cloreto de sódio) que se mostra valiosa em experimentos que<br />

detectam neutrinos a partir do núcleo do Sol. Para capturar esses neutrinos<br />

elusivos, os astrofísicos arrumam um tonel de 100 toneladas de cloreto de<br />

gálio líquido e colocam-no num subterrâneo bem profundo (para evitar<br />

efeitos de partículas menos penetrantes), depois observam-no<br />

cuidadosamente para detectar os resultados de quaisquer colisões entre os<br />

neutrinos e os núcleos de gálio, o que os transforma em núcleos de germânio,<br />

cada um dos quais tem trinta e dois prótons. Cada transformação do gálio em<br />

germânio produz fótons de raio X, que podem ser detectados e medidos<br />

sempre que um núcleo sofre uma colisão. Usando esses “telescópios de<br />

neutrinos” por meio do cloreto de gálio, os astrofísicos resolveram o que<br />

tinham chamado de “problema neutrino solar”, o fato de tipos anteriores de<br />

detectores de neutrinos terem encontrado um número menor de neutrinos<br />

do que fora previsto pela teoria da fusão termonuclear no núcleo do Sol.<br />

Cada núcleo do elemento tecnécio (número atômico 43) é radioativo,<br />

desintegrando-se depois de alguns momentos ou de alguns milhões de anos<br />

em outros tipos de núcleos. Não é surpreendente que não encontremos o<br />

tecnécio em nenhum lugar sobre a Terra a não ser nos aceleradores de<br />

partículas, onde o geramos por encomenda. Por razões ainda não<br />

plenamente compreendidas, o tecnécio vive nas atmosferas de um seleto<br />

subconjunto de estrelas gigantes vermelhas. Como observamos no capítulo<br />

anterior, isso não causaria alarme entre os astrofísicos – exceto que o tecnécio<br />

tem uma meia-vida de meros dois milhões de anos, muito, muito mais curta<br />

que as idades e as expectativas de vida das estrelas em que o encontramos.<br />

Isso prova que as estrelas não podem ter nascido com esse elemento, pois se<br />

assim tivesse sido, não restaria nenhum a essa altura. Falta também aos<br />

astrofísicos qualquer mecanismo conhecido para criar tecnécio no núcleo de<br />

uma estrela e fazer com que venha até a superfície onde possam observá-lo,<br />

um fato perturbador que tem gerado explicações exóticas, ainda carentes de<br />

consenso dentro da comunidade da astrofísica.

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