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CAPÍTULO 6<br />

Um universo ou muitos?<br />

A descoberta de que vivemos num universo em aceleração, com uma taxa<br />

sempre crescente de expansão, sacudiu o mundo da cosmologia já em 1998,<br />

com a primeira notícia das observações das supernovas que apontam para<br />

essa aceleração. Agora que o universo em aceleração recebeu confirmação<br />

das observações detalhadas da radiação cósmica de fundo, e agora que os<br />

cosmólogos tiveram vários anos para lutar corpo a corpo com as implicações<br />

de uma expansão cósmica em aceleração, surgiram duas grandes perguntas<br />

para atormentar seus dias e iluminar seus sonhos: o que faz o universo<br />

acelerar? E por que essa aceleração tem o valor particular que agora<br />

caracteriza o cosmos?<br />

A resposta simples à primeira pergunta atribui toda a responsabilidade pela<br />

aceleração à existência da energia escura ou, equivalentemente, a uma<br />

constante cosmológica não zero. A quantidade da aceleração depende<br />

diretamente da quantidade de energia escura por centímetro cúbico: mais<br />

energia implica maior aceleração. Assim, se conseguissem apenas explicar de<br />

onde vem a energia escura, e por que ela existe na quantidade que eles<br />

atualmente encontram, os cosmólogos poderiam alegar ter revelado um<br />

segredo fundamental do universo – a explicação para o “almoço grátis”<br />

cósmico, a energia no espaço vazio que impulsiona continuamente o cosmos<br />

para uma expansão eterna cada vez mais rápida e para um futuro distante<br />

de enormes extensões de espaço, correspondentes a enormes quantidades de<br />

energia escura e quase nenhuma matéria por ano-luz cúbico.<br />

O que cria a energia escura? A partir dos reinos profundos da física de<br />

partículas, os cosmólogos produzem uma resposta: a energia escura surge de<br />

eventos que devem ocorrer no espaço vazio, se confiamos no que<br />

apreendemos da teoria quântica da matéria e energia. Toda a física de<br />

partículas se baseia nessa teoria, que tem sido verificada com tanta<br />

frequência e com tanta exatidão no reino submicroscópico que quase todos<br />

os físicos a aceitam como correta. Uma parte integrante da teoria quântica<br />

indica que aquilo que denominamos espaço vazio, na verdade, zumbe com<br />

“partículas virtuais”, que piscam surgindo e sumindo com tanta rapidez que<br />

nunca podemos determiná-las diretamente, mas apenas observar seus<br />

efeitos. O aparecimento e desaparecimento contínuo dessas partículas<br />

virtuais, denominadas “flutuações quânticas do vácuo” por aqueles que<br />

gostam de uma boa expressão da física, fornece energia ao espaço vazio. Além<br />

disso, os físicos de partículas podem calcular, sem muita dificuldade, a<br />

quantidade de energia que reside em cada centímetro cúbico do vácuo. A<br />

aplicação direta da teoria quântica ao que chamamos de vácuo prediz que as<br />

flutuações quânticas devem criar energia escura. Quando contamos a

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