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combustão, e que os elementos pesados devem ter sido sintetizados a partir<br />
dos leves.<br />
O mecanismo detalhado da fusão nuclear nas estrelas podia explicar em<br />
última análise a presença cósmica de muitos elementos, especialmente<br />
aqueles obtidos cada vez que adicionamos o núcleo de hélio com dois prótons<br />
e dois nêutrons a nosso elemento previamente forjado. Esses constituem os<br />
elementos abundantes com “números atômicos pares” que Harkins<br />
descreveu. Mas a existência e os números relativos de muitos outros<br />
elementos continuavam inexplicáveis. Algum outro meio de construção de<br />
elementos devia ter ocorrido no cosmos.<br />
O nêutron, descoberto em 1932 pelo físico britânico James Chadwick<br />
quando trabalhava nos Laboratórios Cavendish, desempenha um papel<br />
significativo na fusão nuclear que Eddington não poderia ter imaginado.<br />
Reunir os prótons requer trabalho duro, porque os prótons naturalmente se<br />
repelem, como fazem todas as partículas com o mesmo sinal de carga<br />
elétrica. Para fundir prótons, é preciso aproximá-los bastante uns dos outros<br />
(frequentemente por meio de altas temperaturas, pressões e densidades)<br />
para vencer sua repulsão mútua a fim de que a força nuclear forte os ligue. O<br />
nêutron sem carga, entretanto, não repele nenhuma outra partícula, por isso<br />
pode simplesmente entrar no núcleo de outro e juntar-se às outras partículas<br />
reunidas, ali mantidas pela mesma força que liga os prótons. Esse passo não<br />
cria outro elemento, que é definido por um número diferente de prótons em<br />
cada núcleo. Ao acrescentar um nêutron, criamos um “isótopo” do núcleo<br />
do elemento original, que só difere do núcleo original em detalhes porque<br />
sua carga elétrica total permanece inalterada. Para alguns elementos, o<br />
nêutron recém-capturado se revela instável depois de juntar-se ao núcleo.<br />
Nesse caso, o nêutron converte-se espontaneamente num próton (que<br />
permanece no núcleo) e num elétron (que escapa imediatamente). Dessa<br />
maneira, como os soldados gregos que abriram uma brecha nos muros de<br />
Troia escondendo-se dentro de um cavalo de madeira, os prótons podem<br />
entrar sorrateiramente dentro de um núcleo disfarçados de nêutrons.<br />
Se o fluxo contínuo de nêutrons se mantém alto, cada núcleo pode<br />
absorver muitos nêutrons antes que o primeiro se desintegre. Esses nêutrons<br />
rapidamente absorvidos ajudam a criar um conjunto de elementos cuja<br />
origem é identificada com o “processo de captura rápida de nêutrons”, e<br />
diferem do sortimento resultante de elementos quando os nêutrons são<br />
capturados lentamente, caso em que cada nêutron sucessivo se desintegra<br />
num próton antes que o núcleo capture o seguinte.<br />
Os dois processos lento e rápido de captura de nêutrons são responsáveis<br />
por criar muitos dos elementos que do contrário não são formados pela fusão<br />
termonuclear tradicional. Os elementos restantes na natureza podem ser<br />
feitos por alguns outros processos, inclusive fazendo fótons de alta energia<br />
(raios gama) colidirem em núcleos de átomos pesados, que então se<br />
despedaçam em menores.<br />
Correndo o risco de simplificar exageradamente o ciclo de vida de uma