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começar. A própria vida poderia ter vindo nesses cometas, embora suas baixas<br />
temperaturas, tipicamente centenas de graus abaixo de zero Celsius,<br />
argumentem contra a formação de moléculas verdadeiramente complexas.<br />
Mas quer a vida tenha chegado com os cometas quer não, os maiores objetos<br />
a atingir a Terra durante a era do bombardeamento poderiam ter destruído a<br />
vida que surgira em nosso planeta. A vida talvez tenha começado, ao menos<br />
em suas formas mais primitivas, aos trancos e barrancos repetidas vezes, com<br />
todo novo conjunto de organismos sobrevivendo por centenas de milhares ou<br />
até milhões de anos, até que uma colisão com um objeto particularmente<br />
grande provocasse um estrago tal na Terra que toda a vida perecia, apenas<br />
para aparecer de novo, e ser destruída mais uma vez, depois da passagem de<br />
um período semelhante de tempo.<br />
Podemos adquirir alguma confiança na origem aos trancos e barrancos da<br />
vida com base em dois fatos bem estabelecidos. Primeiro, a vida apareceu em<br />
nosso planeta antes mais cedo que mais tarde, durante a primeira terça parte<br />
do período de vida da Terra. Se a vida foi capaz de surgir e efetivamente<br />
surgiu num período de bilhões de anos, talvez pudesse ter aparecido em<br />
muito menos tempo. A origem da vida talvez não exigisse mais do que alguns<br />
milhões, ou algumas dezenas de milhões, de anos. Segundo, sabemos que as<br />
colisões entre grandes objetos e a Terra destruíram, a intervalos de tempo<br />
medidos em dezenas de milhões de anos, a maioria das espécies vivas em<br />
nosso planeta. A mais famosa dessas catástrofes, a extinção do Cretáceo-<br />
Terciário há 65 milhões de anos, matou todos os dinossauros não aviários,<br />
junto com enormes números de outras espécies. Até essa extinção em massa<br />
não chegou à altura da mais extensa, a extinção em massa do Permiano-<br />
Triássico, que destruiu quase 90% de todas as espécies de vida marinha e<br />
70% de todas as espécies vertebradas terrestres há 252 milhões de anos,<br />
deixando os fungos como as formas dominantes de vida sobre a Terra.<br />
As extinções em massa do Cretáceo-Terciário e do Permiano-Triássico<br />
surgiram das colisões da Terra com objetos de uma ou algumas dúzias de<br />
quilômetros de extensão. Os geólogos descobriram uma enorme cratera de<br />
impacto de 65 milhões de anos, coincidente no tempo com a extinção do<br />
Cretáceo-Terciário, que se estende pelo norte da Península do Yucatán e o<br />
fundo do mar adjacente. Existe uma grande cratera com a mesma idade da<br />
extinção do Permiano-Triássico, descoberta perto da costa noroeste da<br />
Austrália, mas essa morte em massa talvez tenha se originado de outro<br />
evento além de uma colisão, talvez de continuadas erupções vulcânicas. Até<br />
o exemplo singular da extinção dos dinossauros no Cretáceo-Terciário nos<br />
lembra do imenso dano à vida que o impacto de um cometa ou asteroide<br />
pode produzir. Durante a era de bombardeamento, a Terra deve ter<br />
cambaleado não só por esse tipo de impacto, mas também pelos efeitos muito<br />
mais sérios de colisões com objetos com diâmetros de 80, 160 ou até 400<br />
quilômetros. Cada uma dessas colisões deve ter preparado o terreno para a<br />
vida, de forma completa ou tão minuciosamente que apenas uma diminuta<br />
porcentagem de organismos vivos conseguia sobreviver, e elas devem ter