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Robert Herman, que tinham colaborado anteriormente com Gamow,<br />

estimaram pela primeira vez qual deveria ser a temperatura do fundo<br />

cósmico.<br />

Em retrospectiva, Alpher, Gamow e Herman tinham o que hoje parece<br />

um argumento relativamente simples, uma ideia que já propusemos: o tecido<br />

do espaço-tempo era menor ontem do que é hoje, e como era menor, a física<br />

básica requer que fosse mais quente. Assim os físicos fizeram o relógio andar<br />

para trás a fim de imaginar a época que temos descrito, o tempo quando o<br />

universo era tão quente que todos os seus núcleos atômicos foram<br />

desnudados, porque as colisões de fótons deixavam todos os elétrons soltos<br />

para vagar livremente pelo espaço. Sob essas condições, Alpher e Herman<br />

conjeturavam, os fótons não poderiam ter corrido ininterruptamente através<br />

do universo, como fazem hoje. O atual percurso livre dos fótons requer que o<br />

cosmos se tornasse suficientemente frio para que os elétrons se<br />

estabelecessem em órbitas ao redor dos núcleos atômicos. Isso formou átomos<br />

completos e permitiu que a luz viajasse sem obstrução.<br />

Embora Gamow tivesse o insight crucial de que o universo primitivo deve<br />

ter sido muito mais quente que nosso universo atual, Alpher e Herman foram<br />

os primeiros a calcular que a temperatura teria hoje em dia: 5 graus Kelvin.<br />

Sim, eles obtiveram o número errado – a CBR tem realmente uma<br />

temperatura de 2,73 graus Kelvin. Mas ainda assim esses três sujeitos<br />

executaram uma extrapolação bem-sucedida voltando às profundezas de<br />

épocas cósmicas há muito desaparecidas – uma das tantas grandes proezas<br />

na história da ciência. Pegar um pouco de física atômica básica de uma lousa<br />

no laboratório, e deduzir desses dados teóricos o fenômeno da maior escala já<br />

mensurada – a história da temperatura de nosso universo – é nada menos<br />

que alucinante. Avaliando essa realização, J. Richard Gott III, um astrofísico<br />

na Universidade de Princeton, escreveu em Time Travel in Einstein’s Universe:<br />

“Predizer que a radiação existia e depois calcular sua temperatura correta<br />

dentro de um fator de 2 foi uma extraordinária realização – mais ou menos<br />

como predizer que um disco voador de 15,24 metros de largura aterrissaria<br />

no gramado da Casa Branca e depois observar um de 8,23 metros de largura<br />

realmente aparecer”.<br />

Quando Gamow, Alpher e Herman fizeram suas predições, os físicos<br />

ainda estavam indecisos quanto à história de como o universo começou. Em<br />

1948, o mesmo ano em que saiu o artigo de Alpher e Herman, surgiu uma<br />

teoria rival sobre o universo, a teoria do “estado estacionário”, publicada em<br />

dois artigos na Inglaterra, um escrito por dois autores, o matemático<br />

Hermann Bondi e o astrofísico Thomas Gold, o outro assinado pelo cosmólogo<br />

Fred Hoyle. A teoria do estado estacionário requer que o universo, embora em<br />

expansão, tenha sempre apresentado a mesma aparência – uma hipótese com<br />

uma simplicidade profundamente atraente. Mas, como o universo está em<br />

expansão, e como um universo de estado estacionário não teria sido mais<br />

quente, nem mais denso ontem do que hoje, o roteiro Bondi-Gold-Hoyle<br />

sustentava que a matéria surgia de maneira contínua em nosso universo,

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