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confunde os iniciantes em astronomia.<br />
Na maior parte de sua história, a astronomia tem mantido uma<br />
linguagem direta, usando métodos descritivos de pesquisa que lembram em<br />
grande parte aqueles utilizados na botânica. Usando seu compêndio cada<br />
vez mais comprido de estrelas e coisas indistintas, os astrônomos procuraram<br />
padrões e classificaram os objetos de acordo com eles. Um passo bastante<br />
sensato, sem dúvida. A maioria das pessoas, desde a infância, arranja as<br />
coisas segundo a aparência e forma, sem nem sequer lhes ser dito que assim<br />
devem proceder. Mas essa abordagem pode nos levar apenas até certo ponto.<br />
Os Herschel sempre supuseram, porque muitos de seus objetos indistintos<br />
abrangem um trecho mais ou menos do mesmo tamanho no céu noturno,<br />
que todas as nebulosas estão mais ou menos à mesma distância da Terra.<br />
Assim, para eles, era ciência boa e imparcial submeter todas as nebulosas às<br />
mesmas regras de classificação.<br />
O problema é que a pressuposição de que todas as nebulosas se achavam a<br />
distâncias semelhantes revelou-se muito equivocada. A natureza pode ser<br />
elusiva, até tortuosa. Algumas das nebulosas classificadas pelos Herschel não<br />
estão mais distantes que as estrelas, de modo que são relativamente<br />
pequenas (se é que uma extensão de um trilhão de milhas [1,61 x 10 12 km]<br />
pode ser chamada de “relativamente pequena”). Outras revelaram-se muito<br />
mais distantes, por isso devem ser muito maiores que os objetos indistintos<br />
relativamente perto de nós, se aparecem com o mesmo tamanho no céu.<br />
A lição de casa é que em algum ponto precisamos parar de nos fixar no<br />
que parece ser e começar a perguntar o que é. Felizmente, no final do século<br />
XIX muitos avanços na ciência e tecnologia tinham dado aos astrônomos a<br />
capacidade de fazer exatamente isso, ir além da mera classificação dos<br />
conteúdos do universo. Essa mudança levou ao nascimento da astrofísica, a<br />
aplicação útil das leis da física a situações astronômicas.<br />
Durante a mesma era em que Sir John Herschel publicou seu vasto catálogo<br />
de nebulosas, um novo instrumento científico, o espectroscópio, juntou-se à<br />
procura das nebulosas. A única tarefa de um espectroscópio é quebrar a luz<br />
num arco-íris de suas cores componentes. Essas cores, e as características<br />
nelas embutidas, não revelam somente finos detalhes sobre a composição<br />
química da fonte de luz, mas também, em virtude de um fenômeno<br />
chamado efeito Doppler, o movimento da fonte de luz aproximando-se ou<br />
afastando-se da Terra.<br />
A espectroscopia revelou algo extraordinário: as nebulosas espirais, que por<br />
acaso predominam fora da faixa da Via Láctea, estão quase todas se<br />
afastando da Terra, e em velocidades extremamente elevadas. Em contraste,<br />
todas as nebulosas planetárias, bem como as nebulosas muito irregulares,<br />
estão viajando em velocidades relativamente baixas – algumas aproximandose<br />
e outras afastando-se de nós. Alguma explosão catastrófica teria ocorrido<br />
no centro da Via Láctea, chutando para fora apenas as nebulosas espirais?<br />
Em caso positivo, por que nenhuma delas estava retrocedendo? Estávamos