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surpreendente: o gelo aparentemente flutua sobre um oceano global.<br />

Somente invocando o líquido embaixo da superfície gelada, é que os<br />

cientistas podem explicar satisfatoriamente o que observaram graças aos<br />

sucessos espantosos das espaçonaves Voyager e Galileo. Como vemos<br />

mudanças na superfície por toda a lua Europa, podemos concluir que um<br />

oceano global de líquido deve estar subjacente a essa superfície.<br />

Que líquido seria esse, e por que essa substância permaneceria líquida? De<br />

modo impressionante, os cientistas planetários chegaram a duas conclusões<br />

adicionais bastante firmes: o líquido é água, e ela permanece líquida por<br />

causa dos efeitos das marés sobre Europa produzidos pelo planeta gigante<br />

Júpiter. O fato de que moléculas de água são mais abundantes que amônia,<br />

etano ou álcool metílico torna a água a substância mais provável para suprir o<br />

líquido abaixo do gelo de Europa, e a existência dessa água congelada indica<br />

igualmente que existe mais água na vizinhança imediata. Mas como é que a<br />

água permanece líquida, quando as temperaturas induzidas pelo Sol na<br />

vizinhança de Júpiter são apenas cerca de 120 o K (-150 o Celsius)? O interior<br />

de Europa permanece relativamente quente porque as forças das marés de<br />

Júpiter e das duas grandes luas ali perto, Io e Ganimedes, deformam<br />

continuamente as rochas dentro de Europa, quando essa lua muda sua<br />

posição com relação aos objetos vizinhos. Em todas as épocas, os lados de Io e<br />

Europa mais próximos de Júpiter sentem uma força gravitacional maior do<br />

planeta gigante do que os lados mais distantes. Essas diferenças na força<br />

alongam ligeiramente as luas sólidas na direção voltada para Júpiter. Mas<br />

quando as distâncias entre as luas e Júpiter mudam durante suas órbitas, o<br />

efeito das marés de Júpiter – a diferença na força exercida no lado próximo e<br />

no lado distante – também muda, produzindo pequenas pulsações em suas<br />

formas já distorcidas. Essa distorção mutável aquece os interiores das luas.<br />

Como uma bola de squash ou uma bola de raquete sendo continuamente<br />

deformada pelo impacto, qualquer sistema que passa por uma pressão<br />

estrutural contínua terá sua temperatura interna aumentada.<br />

Com uma distância do Sol que em outras condições garantiria um mundo<br />

de gelo para sempre congelado, o nível de pressão de Io lhe garante o título<br />

do lugar mais geologicamente ativo do sistema solar inteiro – repleto de<br />

vulcões eruptivos, fissuras na superfície e movimento de placas tectônicas.<br />

Alguns têm estabelecido uma analogia entre a Io moderna e a Terra<br />

primitiva, quando nosso planeta ainda estava muito quente por causa de seu<br />

episódio de formação. Dentro de Io, a temperatura sobe a ponto de os vulcões<br />

expelirem continuamente compostos fedorentos de enxofre e sódio muito<br />

quilômetros acima da superfície do satélite. Io tem de fato uma temperatura<br />

demasiado elevada para que a água líquida sobreviva, mas Europa, que passa<br />

por menos deformações das marés que Io por estar mais longe de Júpiter,<br />

aquece mais modestamente, embora ainda de forma significativa. Além<br />

disso, a cobertura glacial global de Europa coloca uma tampa de pressão sobre<br />

o líquido abaixo, impedindo que a água evapore e permitindo que ela exista<br />

por bilhões de anos sem congelar. Pelo que podemos afirmar, Europa nasceu

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