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CAPÍTULO 3<br />

Que se faça a luz<br />

Na época em que o universo existia há apenas uma fração de segundo, tinha<br />

a temperatura de um feroz trilhão de graus e incandescia com um brilho<br />

inimaginável, sua agenda principal era a expansão. A cada momento que<br />

passava, o universo se tornava maior, pois mais espaço passava a existir a partir<br />

do nada (não é nada fácil de imaginar, mas neste ponto a evidência fala mais<br />

alto que o senso comum). À medida que se expandia, o universo se tornava<br />

mais frio e mais pálido. Por centenas de milênios, a matéria e a energia<br />

coabitaram uma espécie de sopa grossa, em que os velozes elétrons<br />

espalhavam continuamente fótons de luz de um lado para outro.<br />

Àquela época, se nossa missão tivesse sido olhar através do universo, não<br />

teríamos como realizá-la. Qualquer fóton que entrasse em nossos olhos,<br />

apenas nanossegundos ou picossegundos antes, teria feito elétrons quicarem<br />

bem diante de nosso rosto. Teríamos visto apenas uma névoa resplandecente<br />

em todas as direções, e todos os nossos arredores – luminosos, translúcidos,<br />

de cor branco-avermelhada – teriam sido quase tão brilhantes quanto a<br />

superfície do Sol.<br />

Enquanto o universo se expandia, a energia carregada por todo fóton<br />

decrescia. Por fim, por volta da época em que o jovem universo atingiu seu<br />

380.000 o aniversário, sua temperatura caiu abaixo de 3.000 graus, com o<br />

resultado de que os prótons e núcleos de hélio podiam capturar<br />

permanentemente elétrons, introduzindo, assim, átomos no universo. Em<br />

épocas anteriores, todo fóton tinha energia suficiente para romper um átomo<br />

recém-formado, mas agora os fótons tinham perdido essa capacidade, graças<br />

à expansão cósmica. Com menos elétrons desvinculados para arruinar os<br />

mecanismos, os fótons podiam finalmente correr pelo espaço sem se chocar<br />

com nada. Foi quando o universo se tornou transparente, a névoa se dissipou,<br />

e um fundo cósmico de luz visível foi liberado.<br />

Esse fundo cósmico persiste até hoje, o resto da luz remanescente de um<br />

universo primitivo deslumbrante, crepitante. É um banho ubíquo de fótons,<br />

agindo tanto como ondas quanto como partículas. O comprimento de onda<br />

de cada fóton é igual à separação entre uma de suas cristas oscilantes e a<br />

próxima – uma distância que se poderia medir com uma régua, se fosse<br />

possível pôr as mãos num fóton. Todos os fótons viajam à mesma velocidade<br />

no vácuo, 186.000 milhas (300.000 quilômetros, aproximadamente) por<br />

segundo (chamada naturalmente a velocidade da luz), de modo que os<br />

fótons que possuem comprimentos de onda mais curtos têm um número<br />

maior de cristas de onda passando por um ponto particular a cada segundo.<br />

Portanto, os fótons de comprimento de onda mais curto acumulam mais<br />

oscilações num dado intervalo de tempo, e por isso terão frequências mais

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