You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Mas é possível admitir que tal transmutação esteja ocorrendo? É difícil<br />
afirmar, mas talvez mais difícil negar, que esteja em andamento… e o<br />
que é possível no Laboratório Cavendish talvez não seja demasiado difícil<br />
no Sol. Acho que em geral se tem acalentado a suspeita de que as estrelas<br />
são os cadinhos em que os átomos mais leves que abundam nas<br />
nebulosas são combinados para formar elementos mais complexos.<br />
O estudo de Eddington, que prenunciou a pesquisa detalhada de<br />
Burbidge, Burbidge, Fowler e Hoyle, apareceu vários anos antes da<br />
descoberta da mecânica quântica, sem a qual nossa compreensão da física<br />
dos átomos e núcleos deve ser julgada fraca na melhor das hipóteses. Com<br />
extraordinária presciência, Eddington começou a formular um roteiro para a<br />
energia gerada nas estrelas via fusão termonuclear do hidrogênio para o hélio<br />
e mais além:<br />
Não precisamos nos ater à formação do hélio a partir do hidrogênio como<br />
a única reação que supre energia [para uma estrela], embora pareça que<br />
os estágios posteriores na construção dos elementos envolvem muito<br />
menos liberação, e às vezes até absorção, de energia. A posição pode ser<br />
resumida nestes termos: os átomos de todos os elementos são<br />
construídos com átomos de hidrogênio ligados entre si, e<br />
presumivelmente foram formados em certo momento a partir do<br />
hidrogênio; o interior de uma estrela parece um lugar tão provável como<br />
qualquer outro para que a evolução tenha ocorrido.<br />
Qualquer modelo da transmutação dos elementos deve explicar a mistura<br />
observada de elementos encontrados sobre a Terra e em outros lugares no<br />
universo. Para isso, os físicos precisavam descobrir o processo fundamental<br />
com que as estrelas geram energia transformando um elemento em outro.<br />
Em 1931, com as teorias da mecânica quântica bastante bem desenvolvidas<br />
(embora o nêutron ainda não tivesse sido descoberto), o astrofísico britânico<br />
Robert d’Escourt Atkinson publicou um artigo extenso, sumariado como uma<br />
“teoria da síntese da energia estelar e da origem dos elementos… em que os<br />
vários elementos químicos desde os mais leves são construídos passo a passo<br />
no interior estelar, pela sucessiva incorporação de prótons e elétrons, um de<br />
cada vez”.<br />
No mesmo ano, o químico nuclear americano William D. Harkins publicou<br />
um artigo observando que “os elementos de peso atômico baixo [o número de<br />
prótons mais nêutrons em cada núcleo] são mais abundantes que os de peso<br />
atômico elevado e que, em média, os elementos com números atômicos pares<br />
[os números de prótons em cada núcleo atômico] são aproximadamente 10<br />
vezes mais abundantes que aqueles com números atômicos ímpares de valor<br />
similar”. Harkins supunha que as abundâncias relativas dos elementos<br />
dependem antes da fusão nuclear que de processos químicos como a