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aglomerado, a discrepância entre a massa em objetos visíveis e a massa total<br />

de sistemas vai de um fator de apenas dois ou três até fatores de muitas<br />

centenas. Através do universo, o fator chega à média de aproximadamente<br />

seis, isto é, a matéria escura cósmica possui cerca de seis vezes a massa de<br />

toda a matéria visível.<br />

Nos últimos vinte e cinco anos, mais pesquisas têm revelado que a maior<br />

parte da matéria escura não pode consistir em matéria comum não luminosa.<br />

Essa conclusão se fundamenta em duas linhas de raciocínio. Primeiro,<br />

podemos eliminar com quase toda a certeza todos os plausíveis candidatos<br />

familiares, como os suspeitos numa linha de reconhecimento da polícia. A<br />

matéria escura poderia residir em buracos negros? Não, pensamos que a<br />

teríamos detectado em muitos buracos negros por seus efeitos gravitacionais<br />

em estrelas próximas. Poderia ser nuvens escuras? Não, elas absorveriam ou<br />

interagiriam de algum outro modo com a luz de estrelas atrás delas, o que a<br />

matéria escura real não faz. Poderia ser planetas, asteroides e cometas<br />

interestelares (ou intergalácticos), todos objetos que não produzem luz<br />

própria? É difícil de acreditar que o universo manufaturaria seis vezes mais<br />

massa em planetas do que em estrelas. Isso significaria seis mil Júpiteres para<br />

cada estrela na galáxia, ou ainda pior, 2 milhões de Terras. Em nosso próprio<br />

sistema solar, por exemplo, tudo o que não é o Sol acrescenta um<br />

insignificante 0,2% da massa do Sol.<br />

Assim, conforme nossas melhores suposições, a matéria escura<br />

simplesmente não consiste em matéria que é por acaso escura. Em vez disso,<br />

é algo completamente diferente. A matéria escura exerce gravidade segundo<br />

as mesmas regras seguidas pela matéria comum, mas pouco mais faz que<br />

pudesse permitir-nos detectá-la. Claro, estamos paralisados nessa análise por<br />

não saber o que é a matéria escura. As dificuldades de detectar a matéria<br />

escura, intimamente conectadas com nossas dificuldades de perceber o que<br />

poderia ser, propõem a questão: se toda a matéria tem massa, e toda a massa<br />

tem gravidade, toda a gravidade tem matéria? Não sabemos. O nome<br />

“matéria escura” pressupõe a existência de um tipo de matéria que tem<br />

gravidade e que ainda não compreendemos. Mas talvez seja a gravidade o<br />

que não compreendemos.<br />

Para estudar a matéria escura indo além de deduzir sua existência, os<br />

astrofísicos agora procuram aprender onde essa coisa se acumula no espaço.<br />

Se a matéria escura existisse apenas nas beiradas exteriores de aglomerados<br />

de galáxias, por exemplo, as velocidades das galáxias não exibiriam nenhuma<br />

evidência de problema da matéria escura, porque as velocidades e trajetórias<br />

de galáxias reagem apenas a fontes de gravidade interiores a suas órbitas. Se<br />

a matéria escura ocupasse apenas os centros dos aglomerados, a sequência<br />

das velocidades da galáxia medidas do centro do aglomerado até sua beirada<br />

reagiria tão somente à matéria comum. Mas as velocidades das galáxias em<br />

aglomerados revelam que a matéria escura permeia todo o volume ocupado<br />

pelas galáxias em órbita. Na realidade, as localizações da matéria comum e da<br />

matéria escura coincidem de maneira muito indefinida. Há vários anos uma

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