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a natureza rompeu esse obstáculo. As primeiras discussões científicas sobre a<br />

origem da vida imaginavam a interação de simples moléculas, concentradas<br />

em poças ou lagunas de maré, para criar outras mais complexas. Em 1871,<br />

uma dúzia de anos depois da publicação do maravilhoso livro de Charles<br />

Darwin A origem das espécies, em que ele especulava que “provavelmente<br />

todos os seres orgânicos que já viveram sobre esta Terra descendem de<br />

alguma forma primordial”, Darwin escreveu a seu amigo Joseph Hooker que<br />

Diz-se frequentemente que todas as condições para a primeira produção<br />

de um organismo vivo estão agora presentes, que talvez sempre tivessem<br />

estado presentes. Mas se (e oh! que grande se!) pudéssemos conceber,<br />

em alguma pequena lagoa quente, com todos os tipos de sais amoníacos e<br />

fosfóricos, luz, calor, eletricidade etc. presentes, que um composto de<br />

proteína [sic] fosse quimicamente formado, prestes a passar por<br />

mudanças ainda mais complexas, na época presente tal matéria seria<br />

instantaneamente absorvida, o que não teria sido o caso antes de<br />

criaturas vivas serem encontradas.<br />

Em outras palavras, quando a Terra estava madura para a vida, os<br />

compostos básicos necessários para o metabolismo poderiam ter existido em<br />

demasia, sem que houvesse nada para comê-los (e, como temos discutido,<br />

nenhum oxigênio para combinar com eles e estragar suas chances de<br />

servirem de comida).<br />

De uma perspectiva científica, nada tem mais sucesso do que<br />

experimentos que podem ser comparados com a realidade. Em 1953,<br />

procurando testar a concepção darwiniana da origem da vida em poças ou<br />

lagunas de maré, Stanley Miller, que era então um estudante americano de<br />

pós-graduação que trabalhava na Universidade de Chicago ao lado de Harold<br />

Urey, cientista laureado com o Nobel, executou um famoso experimento que<br />

reproduzia as condições dentro de uma poça de água altamente simplificada<br />

e hipotética na Terra primitiva. Miller e Urey encheram parcialmente um<br />

frasco de laboratório com água, e colocaram em cima da água uma mistura<br />

de vapor de água, hidrogênio, amônia e metano. Aqueceram o frasco por<br />

baixo, vaporizando parte dos conteúdos e impelindo-os ao longo de um tubo<br />

de vidro para dentro de outro frasco, onde uma descarga elétrica simulava o<br />

efeito de um raio. Dali a mistura retornava ao frasco original, completando<br />

um ciclo que seria repetido várias vezes durante alguns dias, em vez de<br />

alguns milhares de anos. Depois desse intervalo de tempo inteiramente<br />

modesto, Miller e Urey descobriram no frasco inferior uma água rica em<br />

“esterco orgânico”, um composto de numerosas moléculas complexas,<br />

inclusive diferentes tipos de açúcar, bem como dois dos aminoácidos mais<br />

simples, alanina e guanina.<br />

Como as moléculas da proteína consistem em vinte tipos de aminoácidos<br />

arranjados em diferentes formas estruturais, o experimento Miller-Urey nos<br />

leva, num tempo extraordinariamente breve, por uma significativa parte do

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