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periódica e carrega o nome de Plutão, que o jovem astrônomo Clyde<br />
Tombaugh encontrou em 1930 em fotografias tiradas no Observatório<br />
Lowell do Arizona. Como aconteceu com a descoberta de Ceres 129 anos<br />
antes, as emoções foram às alturas. Plutão era o primeiro planeta descoberto<br />
por um americano e, na ausência de dados acurados de observação,<br />
acreditava-se amplamente que era um planeta de tamanho e massa<br />
proporcionais aos de Urano e Netuno. À medida que nossas medições do<br />
tamanho de Plutão melhoravam, Plutão se tornava cada vez menor. Nosso<br />
conhecimento das dimensões de Plutão só se estabilizou no final da década<br />
de 1970, durante as missões Voyager para fora do sistema solar. Sabemos<br />
agora que o frio e gelado Plutão é de longe o menor planeta do Sol [1] , com a<br />
distinção constrangedora de ser menor que as seis maiores luas do sistema<br />
solar. Como acontece com os asteroides, os astrônomos encontraram mais<br />
tarde centenas de outros objetos em localizações similares, nesse caso fora do<br />
sistema solar com órbitas semelhantes à de Plutão. Esses objetos assinalaram<br />
a existência de um reservatório até então não documentado de pequenos<br />
objetos gelados, agora chamados de Cinturão Kuiper de cometas. Um purista<br />
poderia argumentar que, como Ceres e Palas, Plutão se introduziu na tabela<br />
periódica sob falsas alegações.<br />
Como os núcleos de urânio, os núcleos de plutônio são radioativos. Esses<br />
núcleos formavam o ingrediente ativo na bomba atômica atirada sobre a<br />
cidade japonesa de Nagasaki, apenas três dias depois do bombardeio de<br />
urânio sobre Hiroshima, causando o fim rápido da Segunda Guerra Mundial.<br />
Os cientistas usam pequenas quantidades de plutônio, que produz energia<br />
num ritmo modesto e constante, como combustível dos geradores<br />
termoelétricos por radioisótopos (abreviados como RTGs) existentes em<br />
espaçonaves que viajam para fora do sistema solar, onde a intensidade da luz<br />
solar cai abaixo de um nível que possa ser utilizado pelos painéis solares. Uma<br />
libra (453,59 gramas) desse plutônio vai gerar 10 milhões de quilowatts-hora<br />
de energia térmica, suficiente para prover de energia uma lâmpada caseira<br />
por onze mil anos, ou um ser humano por mais ou menos o mesmo tempo.<br />
Ainda recorrendo à energia do plutônio para enviar mensagens à Terra, as<br />
duas espaçonaves Voyager lançadas em 1977 já passaram muito além da<br />
órbita de Plutão. Uma delas, a quase cem vezes a distância entre a Terra e o<br />
Sol, começou a entrar no verdadeiro espaço interestelar abandonando a<br />
bolha criada pelo derramamento de partículas eletricamente carregadas<br />
vindo do Sol.<br />
E assim terminamos nossa viagem cósmica pela tabela periódica dos<br />
elementos químicos, bem na beirada do sistema solar. Por razões que ainda<br />
temos de determinar, muitas pessoas não gostam dos elementos químicos, o<br />
que pode explicar o perene movimento de tirá-los dos alimentos. Talvez os<br />
longuíssimos nomes químicos soem perigosos. Mas nesse caso deveríamos<br />
culpar os químicos, e não os elementos químicos. Pessoalmente, nós nos<br />
sentimos bem à vontade com os elementos químicos. Nossas estrelas<br />
favoritas, bem como nossos melhores amigos, são compostos por eles.