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por quaisquer desvios da uniformidade.<br />
Qual é o tamanho do ângulo que abrangeria esses desvios máximos no<br />
céu de agora? Isso depende da curvatura do espaço, que podemos<br />
determinar encontrando a soma de Ω M e Ω Λ . Quanto mais essa soma se<br />
aproximar de 1, tanto mais a curvatura do espaço se aproximará de zero, e<br />
tanto maior será o tamanho angular que observamos para os desvios máximos<br />
da uniformidade na CBR. Essa curvatura do espaço depende apenas da soma<br />
dos dois Ωs, porque os dois tipos de densidade fazem o espaço se curvar da<br />
mesma maneira. Portanto, as observações da radiação cósmica de fundo<br />
oferecem uma medição direta de Ω M + Ω Λ , em contraste com as<br />
observações das supernovas, que medem a diferença entre Ω M e Ω Λ .<br />
Os dados do WMAP mostram que os maiores desvios da uniformidade na<br />
CBR abarcam um ângulo de aproximadamente 1 grau, o que implica que Ω M<br />
+ Ω Λ tem um valor de 1,02, mais ou menos 0,02. Assim, dentro dos limites<br />
da acuidade experimental, podemos concluir que Ω M + Ω Λ = 1, e que o<br />
espaço é plano. O resultado das observações de SN Ia distantes pode ser<br />
expresso como Ω Λ – Ω M = 0,46. Se combinamos esse resultado com a<br />
conclusão de que Ω M + Ω Λ = 1, encontramos que Ω M = 0,27 e Ω Λ =<br />
0,73, com uma incerteza de alguns percentuais em cada número. Como já<br />
observado, essas são as melhores estimativas atuais dos astrofísicos para os<br />
valores desses dois parâmetros cósmicos chave, que nos dizem que a matéria<br />
– tanto a comum como a escura – providencia 27% da densidade de energia<br />
total do universo, e a energia escura 73%. (Se preferirmos pensar na massa<br />
equivalente da energia, E/c 2 , então a energia escura fornece 73% de toda a<br />
massa.)<br />
Os cosmólogos sabem há muito tempo que, se o universo tem uma<br />
constante cosmológica não zero, a relativa influência da matéria e da energia<br />
escura deve mudar significativamente com o passar do tempo. Por outro<br />
lado, um universo plano continua plano para sempre, desde sua origem no<br />
big bang até o futuro infinito que nos espera. Num universo plano, a soma de<br />
Ω M e Ω Λ é sempre igual a 1, assim, se um deles muda, o outro também deve<br />
variar em compensação.<br />
Durante as épocas cósmicas que se seguiram logo após o big bang, a<br />
energia escura não produziu nenhum efeito sobre o universo. Existia tão<br />
pouco espaço então, em comparação com as eras que se seguiriam, que Ω Λ<br />
tinha um valor só um pouquinho acima de zero, enquanto Ω M era apenas<br />
um pouquinho menos que 1. Nessas eras passadas, o universo se comportava<br />
de maneira quase igual a um cosmos sem uma constante cosmológica. À<br />
medida que o tempo passava, entretanto, Ω M diminuía constantemente e<br />
Ω Λ com igual constância aumentava, mantendo sua soma constante em 1.<br />
Por fim, daqui a centenas de bilhões de anos, Ω M cairá quase até zero e Ω Λ<br />
se elevará quase até a unidade. Assim, a história do espaço plano com uma